HIGHLANDER, O GUERREIRO IMORTAL

Anencéfalo não pensa? Como se enganam! Pior que não ter cérebro é tê-lo e mesmo assim não fazer bom uso dele. Concedida pelo fortuito e salva pelo contingente, então, teríamos uma anti-história? Afinal, é o homem quem faz a história ou é esta quem faz o homem? Será que chegamos ao “fim da história (Fukuyama)? Se é assim o que dizer da recente crise do capitalismo no século XXI? Karl Marx e Friedrich Engels, no Manifesto do Partido Comunista, difundiram de maneira simples a sua concepção da história nos ditames do materialismo histórico dialético. Os homens ao produzirem bens materiais criam, com isso mesmo, um regime para a sua vida. E, desta maneira, tivemos o modo de produção: primitivo, escravista, feudal e hoje temos o capitalista. Todo modo de produzir a vida corresponde a determinadas formas de consciência social. Os homens produzem a sua vida e como o fazem assim eles são.

Na contemporaneidade, reina o modo de organização social em torno do capital (grande cabeça para o qual tudo converge). O dinheiro é o instrumento que dá acesso as mercadorias e que tem a função de determinar a divisão social. Criam-se a todo vapor espaços proibidos, destinados a separar o joio –excluídos – do trigo – incluídos -, e para isso se paga muito bem. Ano a ano o fosso que separa os incluídos dos excluídos vem aumentando: os ricos ficam cada vez mais ricos, e os pobres, mais pobres. Em âmbito global e local "apartheids", são constantemente levantados para separar os incluídos e os excluídos. Tudo é regido pela lógica do capital. Assuntos que vendem mais são facilmente veiculados pelas empresas midiáticas. Assim, colunistas expressivos estão a escrever sobre: “O castelo do corregedor-geral da Câmara, Edmar Moreira [DEM-MG]”; “Os escândalos de corrupção do governo Lula” etc. Concordo com Alexandre Garcia, a continuar como esta, a democracia não vai longe. Contudo, se não cambiarmos o modo de nos organizarmos socialmente todo o planeta corre sério risco de ser destruído. O poder altamente concêntrico e destrutivo do capital ameaça corromper com a vida em toda terra.

Constata-se nos quatro cantos do Brasil: “O prefeito interino mostrou disposição em enxugar a máquina administrativa”. Estas parecem ser as palavras de ordem na pauta do dia dos administradores municipais. Mas afinal o que isto quer nos dizer? Segundo João Paulo II, “tudo tem dois lados”. Para uns estarem a ganhar muitos estão a perder. Assim, vemos aumentar também nas prefeituras o aumento do desemprego em função da diminuição dos gastos. Por outro lado, vemos constantemente o arremesso para fora do país de quantias astronômicas de dinheiro que acabam por engordarem organismos internacionais em detrimento das melhorias em torno da educação, saúde, habitação, geração de empregos etc. O pior é que no final sempre estamos endividados.

No setor de alimentos pode-se “contar nos dedos” quem é que manda: Monsanto, Cargill, Syngenta, Bunge etc. No setor automobilístico destaca-se a: Ford, Volkswagen, Fiat, General Motors, Toyota, Peugeot, Kia etc. Esta realidade se repete em todos os outros setores da economia mundial. Sem a intervenção do Estado, sem normas mínimas este processo antropofágico do capital logo nos conduzirá ao “só pode restar um”, onde o “melhor” vencerá. Não são poucos os que estão a afirmar que o mundo vive a maior crise econômica desde a Grande Depressão de 1929, mas será que esta irá dar o atestado de falência do capitalismo? As guerras mundiais serviram de antídoto para a recuperação do sistema capitalista de sua crise de superprodução no passado, mas, na atualidade, com o desenvolvimento do poder de “fogo das armas” este recurso implicaria no fim do “mundo terrestre”. Portanto, “qualquer semelhança não é mera coincidência” entre os determinantes constitutivos do modelo organizacional capitalista e o filme: “Highander, o guerreiro imortal”. Diuturnamente vemos o “darwinismo social” avançar. Somente os “melhores” sobreviverão. O trabalhador só é bom enquanto nele houver algo que o capitalista puder explorar. O capitalista que não for bom na arte de explorar o trabalhador está fadado ao fracasso. Portanto, aos que se vêem obrigados a explorar ou serem explorados fica esta provocação: “o capital pode cortar nossos braços, pernas [...], porém, jamais podemos deixar que ele corte as nossas cabeças, que ele pense por nós. Se isto ocorrer, então já é o fim”.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 21/02/2009
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