A EDUCAÇÃO E A INTERDISCIPLINARIDADE

Primeiramente, quero reiterar os cumprimentos á Hélio Duque e fazer minhas as suas palavras, quando ao escrever seu artigo: “Educação não é prioridade” (caso alguém não tenha lido e queira fazê-lo, ele foi publicado neste conceituado jornal na edição do dia 23/02/09) quando após ter feito uma série de considerações sobre o analfabetismo conclui: “A educação nunca foi uma prioridade fundamental na nossa sociedade” e, mais adiante assevera: “Cultivar a ignorância atende a demanda de muitos governantes. Quem vive nas trevas não reivindica, não exige seus direitos e não gera problemas para os governantes de plantão”. Trabalhos iguais a este devem ser constantemente revisitados, uma vez que eles buscam apontar as mazelas educacionais em detrimento de sua superação. De fato, se desejamos a construção de uma sociedade onde todos possam ser felizes, então, o acesso aos saberes sistematizados historicamente devem ser garantidos a todos os seres humanos. Não obstante, o que percebemos é uma educação endeusada nos discursos políticos e marginalizada na prática. Como resultado disto tudo, é triste, mas necessário constatar, a proliferação de analfabetos funcionais e seus desdobramentos.

Postumamente, considero relevante associar os escritos de Hélio Duque, com os apontamentos realizados por Alceu Sperança em sua opinião intitulada de “A fórmula mágica” (Jornal O Paraná, 22/02/09). Neste encontramos a seguinte observação provocativa: “a explosão da informalidade e da ‘flexibilização’ das relações de trabalho e no, limite, a criminalidade, são entendidas como permissão aos pobres de ter ‘trabalho’ ainda que no tráfico e na muamba. A repressão às drogas e às máfias é ‘prá inglês ver’, pois a estrutura de segurança pública é precaríssima’”. Ora, se no primeiro texto nós temos a denúncia de como a educação vai mal, no segundo, então encontramos o porquê deste dever ser. Isto é, quando a educação não funciona, quando não dá certo é que tudo está de acordo com os governantes de plantão. Pessoas sem conhecimento, sem instrução, imersas na cotidianidade na luta pela sobrevivência estão mais expostas às manipulações rasteiras e utilitaristas dos detentores do poder dominação. Estes distribuem migalhas para depois tirar o sangue e a própria alma daqueles que vivenciam a exclusão em todos os momentos do seu viver. O trabalhador hoje vive mal, dorme mal e não ganha o mínimo necessário para dar uma vida digna a seus congêneres. De per si, esta realidade nos ajuda a entender um pouco da indignação de Alceu Sperança, que conclui suas idéias ao desmistificar a fórmula mágica: “E vão ganhando eleições, mesmo seus países piorando a cada dia. É a fórmula perfeita: desgovernar e manter-se no poder através da ideologia e do marketing”. Meu entendimento é o de que a solução destes entraves ao florescimento da vida humana, vão além da escolha dos novos governantes no ano que vem, pois, requerem uma inversão na lógica societal vigente. É a vida que deve se servir do capital e não o contrário.

Apesar de não conhecer pessoalmente nenhum destes dois autores citados, quero por meio deste, parabenizá-los por suas contribuições, no sentido de estarem colaborando para a discussão em torno de pensarmos com clareza os problemas pelos quais a humanidade passa. Que estas ‘gotas de sabedoria’ possam somar com outras na direção do saber em vista de transformar a realidade. É neste mote que vejo a realização do III Seminário Nacional Interdisciplinar em experiências Educativas, a realizar-se nos dias 21 e 22 de Maio de 2009, na UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão - PR. Trata-se de uma ferramenta a serviço dos dominados, pois o conhecimento em si é interdisciplinar. A fragmentação a divisão dos saberes em "fatias" e das disciplinas escolares, tais como matemática, biologia, ciências naturais, história etc, atendem aos interesses da sociedade estamentária e aos donos do poder dominação. Portanto, a meu ver, este evento se apresenta com um esforço para superar tudo o que esta relacionado ao conceito de disciplina. Ele busca ‘contribuir para a socialização de conhecimentos produzidos no âmbito da educação nas diversas áreas de conhecimento’. Ora, este é o objetivo fundamental da escola e, ao realizar esta tarefa ela se torna altamente revolucionária. Atualmente, professores e alunos são vítimas de uma situação injusta e opressora. Assim, a partilha de experiências interdisciplinares entre professores que sofrem com a precarização do seu trabalho deve ser sempre divulgada. Isto revela, que o espaço escolar ainda não está completamente dominado.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 23/02/2009
Código do texto: T1453673