FÓRUM SOCIAL E CAPITAL

Todo movimento produz o seu contrário e, por conseguinte toda ação implica numa reação. Ultimamente temos visto o acirramento da miséria no mundo, a destruição das florestas, a poluição dos rios, o aquecimento global etc. O capitalista, onde quer que esteja, em detrimento do lucro, contribui para todas estas previsões apocalípticas. Assim, o capital, está diuturnamente empenhado para transformar a terra em um local inabitável. Há continuar, neste percurso, não haverá vida neste planeta para comprovar ou não a opinião do cientista Aaaron Dar (do Instituto de Pesquisa Espacial Technion, de Israel) de que “mais cedo ou mais tarde, uma catástrofe vinda do espaço eliminará toda a vida na terra”.

A situação da manutenção da vida no globo terrestre é caótica e tem preocupado cientistas, pesquisadores e pessoas engajadas no mundo inteiro. Em São Paulo, por exemplo, a prova de português e redação da UNESP (concurso vestibular/2008) pediu que os candidatos desenvolvessem um texto com o tema O homem: inimigo do Planeta? E, assim, internacionalmente muito se tem discutido e estudado no intuito de buscar encontrar alternativas em vista de pelo menos amenizar os efeitos maléficos do avanço do capital. Inescrupulosamente a avalanche da capitalização mundial tem acentuado catástrofes naturais e sociais. Mas afinal, o que podemos esperar de um modo de organizar a vida onde o ser humano vale menos do que aquilo que ele tem ou aparenta possuir? Há uma inversão de valores. O gérmen do capitalismo é plantado todos os dias em “nossas cabeças”: o menino em tenra idade prefere o big brother, os filmes da madrugada, do que fazer suas tarefas escolares.

Deste modo, é urgente a criação de espaços anti-sistêmicos “antes que seja demasiado tarde”. É com este olhar que devemos nos aproximar do Fórum Social Mundial, iniciado em 2001 na cidade de Porto Alegre/ RS retorna ao Brasil e que acontecerá entre os dias 27 de Janeiro a 1º de fevereiro em Belém do Pará. O objetivo do Fórum Social pode ser constatado no primeiro dos seus princípios que afirma: “O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, [...]” (www.fsm2009amazonia.org.br).

Dissertar sobre as mazelas engendradas pelo “caldeirão capitalista” tornou-se imperioso. Uma boa descrição, um bom estudo é fundamental à superação do capital em função da vida, desde que estejam articulados com a aplicabilidade da ação. Uma reflexão desvinculada da prática se reduz a um mero “exercício intelectual”. É como uma bela estação de trem desativada, - linda! Bela! Maravilhosa! -, mas pela qual não passa mais o trem. É como um casal que após jurar “amor eterno” deixam de cuidar do/a(as) filho/a(as), de cultivar o relacionamento familiar, afim de buscarem construir a casa, comprar o carro etc. Aparentemente uma família bem sucedida, no entanto, é mais um “lar desativado” pelo qual não passa mais o trem.

Por fim, é preciso que se destaque os escritos do professor José Paulino Orso que, em seu artigo A Comuna de Paris e as Questões Sociais, nos interpela ao afirmar: “Queremos a paz, a não violência, mas como expressão da abolição das desigualdades sociais de fato. A luta pela educação, pela terra, pela moradia, pelos direitos das mulheres, dos homossexuais, dos negros, são necessárias e indispensáveis. Mas não devem limitar-se a elas. Devem fazer parte de uma luta maior; devem vir juntos na propriedade privada, a eliminação da exploração, a destruição das classes, das lutas de classes e do Estado, que são as verdadeiras causas dos problemas sociais”. Não há espaços para ilusões. Que o Fórum Social Mundial nos ajude a pensar uma outra forma de viver socialmente, que possa superar a lógica societal vigente e seu reducionismo de tudo a uma reles mercadoria.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 28/02/2009
Código do texto: T1461965