EDUCAÇÃO EM CRISE

Toda análise da escola que se propõe séria deve levar em conta o poder que o capital exerce sobre o trabalho. Com base neste pressuposto, a busca pela compreensão da escola deve ocorre para além dos limites da sala de aula e, por conseguinte, para entender de educação se faz necessário entender de economia, de política, de sociedade e da dialética inerente a totalidade da realidade, isto é, compreender a lei do movimento, do funcionamento do real, que não é estático e sim dinâmico, sem perder de vista que o específico do trabalho docente é a transmissão do conhecimento, coletivamente e historicamente, construído pelos homens.

É nestes embates sociais que a escola se situa, tudo esta em constante transformação devido à interação de um elemento diferente sobre outro. Este dinamismo ocorre a cada segundo. Nesse processo, a escola, enquanto instituição sagrada vai do paraíso ao inferno, da supervalorização ao completo abandono. Historicamente, implantada para ser um instrumento para a realização dos objetivos ideologizados pelos grupos detentores do poder de decisão, foi lhe dado a missão na “formação das consciências, na difusão dos valores, na preparação dos trabalhadores”.

Com base a estas considerações, pode-se inferir que a crise instaurada na sociedade incide no desenvolvimento das práticas escolares e, desta maneira, os problemas sociais repercutem no interior da escola. À exemplo disso, tem se tornado cada vez mais freqüente pronunciamentos do tipo: “passei boa parte da noite para deixar a aula pronta e estes alunos não colaboram, não querem saber de estudar” e, mais ainda: “fulana espera eu explicar, daí você pode atirar papel aqui na frente” e assim por diante. Entretanto, são muitas as queixas de quem busca na arte de ensinar um meio para garantir a própria sobrevivência, a ponto de um (a) professor (a) chegar a relatar: “após sair daquele colégio tive que olhar por horas no espelho e dizer para mim mesmo (a) que o problema não sou eu e sim os alunos que não querem nada com nada”. Algo precisa ser feito, para além do pessimismo doentio ou um otimismo ingênuo, antes que seja demasiado tarde.

A escola quando assume para si o papel redentor da sociedade faz com que seja nela investido um poder que ela não tem. Deste modo, é chamada a compensar as deficiências morais, psicológicas, afetivas, e deixa de cumprir o seu papel específico: a transmissão dos saberes historicamente acumulados. O professor sente amputada a sua realização em torno do seu específico quando necessita ser psicólogo, policial entre outros afazeres. Pelos comentários acima expostos percebe-se que hoje os professores estão acuados, amedrontados, e sofrem isso na maioria das vezes sem silêncio.

Nas condições atuais o professor enfrenta inúmeros desafios para realizar o que é a sua função específica no processo de ensino aprendizagem, dentre os quais podemos citar: baixa remuneração, salas superlotadas, aumento da indisciplina, desestruturação familiar, e assim, por diante. O resultado de tudo isso será o afastamento cada vez maior dos trabalhadores da educação de suas funções ou temporariamente ou definitivamente por meio da readaptação para outras funções.

A cada dia aumentam o número de pais que chegam para a direção e desabafam: “eu já não sei o que fazer com meu filho (a), podem fazer o que vocês quiserem”. E, assim, diuturnamente a sociedade gera alunos problemas e apresenta para a escola corrigi-lo e desta maneira, ao professor será exigido que se comporte como um disciplinador, a fim de colocar limites nos (as) filhos (as) dos outros deve, ao mesmo tempo, dar conta de ensinar, aprofundar conhecimentos. Talvez esta seja uma das razões que levem os jovens indagados sobre o seu futuro profissional dizerem: “eu quero trabalhar de qualquer coisa, menos ser professor”.

Para concluir este artigo, é fundamental que se afirme que a maior violência para o trabalhador é perder a possibilidade de ser o que ele é: trabalhador. Isto acontece quando não há emprego ou quando empregado não se consegue realizar o trabalho devido por falta das condições materiais, devido a salas superlotadas, adolescentes desassistidos pelos pais, violência, drogas, entre outros.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 09/04/2009
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