A fuga da Rotina

Era uma tarde de sexta-feira “à noite”...

Quando um mudo sentado num banquinho de uma praça lúgubre, com árvores secas pertencentes a um cenário alegre, relatava um furto que um cego vira na noite anterior.

O surdo ouvia atentamente as palavras que o mudo dizia.

Eram mais ou menos umas dezessete e trinta e cinco horas, quando o cego vira uma mulher com pernas torneadas, com um corpo esculpido pelos deuses, de olhos azuis cobertos por um óculos de lentes amarelas, entrando estrepitosamente pela relojoaria com a intenção de furtar uma relíquia.

Os vendedores que lá estavam não prestaram atenção na mulher, apenas um cego na penumbra da sala percebera a intenção da mulher ao lado da relíquia...

E, num movimento abrupto de terrível laconismo, ela furtou a relíquia que era uma jóia do século XIV.

Ela corria em direção à saída, pensando que não estava sendo percebida por ninguém, quando o cego gritou:

- Olha a Rotina, pega a Rotina, não deixa a Rotina escapar!!!

A fuga da Rotina foi uma fuga implacável, o mudo contava com muito entusiasmo o fato ao surdo que ficou estupefato com o que ouvia.

Mas, enfim, a história teve um desfecho trágico.

Quando o cego gritou pega a Rotina, o aleijado correu em direção a Rotina e sem querer empurrou-a. Ela perdendo o equilíbrio, bateu sua cabeça com grande intensidade na guia e perdeu os sentidos, tendo afundado seu rosto numa pequena poça d` água , onde ficou por sofridos e eternos cinco minutos, em que resultou-lhe em uma morte por afogamento.

Um trágico e patético fim para uma mulher que tinha um corpo invejado pelas mulheres daquele vilarejo.

Descanse em paz Rotina... dizia o mudo já envolvido por uma atmosfera fúnebre e o surdo ouvia taciturno...