REDAÇÕES DA INFÂNCIA - TEXTO 2 - PORTAS VEMOS, INTENÇÕES NÃO SABEMOS

Era Quinta-Feira, oito da noite. Abri a porta do meu quarto, mas ela me empurrou em sentido contrário. Estaria ela querendo me deixar para fora?

Esta escuro. A energia elétrica havia acabado. A luz da lua refletida na porta criava formas estranhas. O silêncio era preocupante. Forcei novamente. Novamente ela me empurrou para fora!

No escuro, aquela porta tão simples parecia um ser de outro mundo. Olhos amarelos brilhavam e uma coisa vermelha, que ia de ponta a ponta, assemelhava-se a uma boca, boca esta que parecia sorrir para mim.

Afastei-me um pouco. Esta preocupado. Um carro passa do lado de fora. De repente, um olho da porte fecha, como se estivesse piscando para mim. Estaria ela zombando da minha cara? Afastei-me mais um pouco. Aquela porta estava me dando medo. Medo, este, que por ser homem não queria admitir.

A chuva começou a cair lá fora. A lua agora não aparecia mais. No mesmo instante, o barulho de um trovão quebra o silêncio. Levei um susto!

O siléncio voltou. De onde estava ouvi um pequeno som, como um arranhado. Vinha da porta. Aproximei-me. O arranhar continuava. Eu estava quase chegando. Coração batendo a 200 por minuto. As pernas tremiam.

De repente, ouvi um barulho muito forte vindo da porta. Não recuei. Ao invés disso, avancei sobre ela! Agora ninguém me seguraria.

Comecei a empurrá-la. Sua face estava áspera. Algo espetou o meu dedo. O sangue começou a escorrer. A luta estava feia. A porta começou a desistir. Um cheiro de perfume começou a tomar conta do lugar. Vinha da porta. Continuei a forçar. O suor começou a escorrer no meu rosto, chegando ao chão. Com o assoalho escorregadio, acabei caindo para frente, fazendo com que batesse com a cabeça chão. Meu sangue começou a ferver. Os músculos começaram a se contraria e a relaxar, conseguindo assim reunir forças. Os olhos já não viam mais nada. O cérebro já não raciocinava. A porta estava firme na sua posição.

Numa reação inconsciente, avancei novamente sobre ela. Com o choque, quebraram-se as dobradiças. Caímos a porta e eu. Na queda, dei de cara com a porta, fazendo minha boca tocá-la. Tinha um horrível gosto de vernis, fora o gosto de outras coisas que preferia não saber o que era.

A luz voltou. Qual foi a minha reaçao ao ver o que segurava a porta?? Caí para trás de tanto rir e jurei para mim mesmo que nunca contaria a ninguém sobre o conteúdo por de trás da porta.