SOLIDÃO

Na maioria das vezes em que escrevo, tomo como liberdade poética a forma de expor os meus sentimentos e os alheios que procuro interpretar. Diante disso, resolvi falar sobre a SOLIDÃO, que, ao meu ver, é a companhia inseparável e tema de diversos poetas.

Eu não costumo me queixar constantemente da solidão. Nem mesmo do amor – que muitas vezes rima com dor - mas que não é via de regra para nenhuma das produções poéticas. Tudo depende do estado de espírito e do momento – nossos “altos e baixos”. Em relação à solidão, aprecio muito o silêncio de vozes na maioria das vezes, pois ela permite o meu encontro comigo mesma e proporciona ambiente e espaço para extravasar minha criatividade, principalmente pelo fato de que preencho a maior parte do meu tempo cercada de pessoas. É graças a ela (a solidão) que encontro tempo para vasculhar as gavetas cujo conteúdo íntimo nem às paredes confesso... e refletir. Quando estou sozinha, posso fazer muitas coisas que não faria na presença de outras pessoas, então em vez de representar um peso, para mim é um alento. Isso não significa que eu tenha um desvio comportamental ou que seja anti-social. Adoro pessoas, até porque meu trabalho é voltado para o público, mas confesso: sinto um prazer incomensurável por minha própria companhia.

Em relação ao amor, falar dele às vezes representa um momento de euforia absoluta, por outras representa consternação mesmo. Comigo é e sempre foi assim: oito ou oitenta. Sou intensa nos meus sentimentos e isso faz com que experimente sensações controvérsias, mas que em nada desabona meus sentimentos e índole. O que emana de mim é extremamente verdadeiro, mesmo quando “viajo” ao meu interior e abro espaço para a fantasia. Ou como diria Caetano: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. E eu sou assim: mel e fel, dor e amor, alegria e tristeza. Sou humana, por essa razão falível, sem imunidade às dores e alegrias da vida. E sou feliz assim. Nem tudo são rosas, como também nem tudo são espinhos.

SOLIDÃO, deveras, é algo bom ou ruim. Depende do momento. Quando é uma opção própria, não há nada melhor do que o privilégio de poder conceder a si mesmo uns instantes consigo mesmo. Quando a opção é dos outros, pode até doer, mas o direito de um termina onde começa o do outro. E mesmo quando fazemos jus à opção alheia de nos deixar só, não há nada melhor do que poder refletir sobre nossas próprias atitudes e, com isso, buscar corrigir nossas falhas. Simples assim.

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 08/11/2009
Código do texto: T1912331
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