ADAPTADORES DA VIOLÊNCIA

Todos os dias os meios de comunicação de massa, apresentam em suas manchetes, notícias de violência envolvendo crianças e/ou adolescentes, como vítimas ou autores de crimes em suas diversas modalidades. Os índices de ocorrências delituosas nos centros urbanos atingiram níveis estatísticos que há muito superaram os prognósticos de sociólogos, por mais pessimistas que eles foram.

Já não nos causam tantas surpresas, as notícias de crimes, muitos deles com requintes de perversidade vitimando crianças ou adolescentes, quando não, os apresentam como seus próprios autores. Estamo-nos acostumando muito rápido a conviver com essa violência. Quando construímos nossas casas, já projetamos nossos muros altos, com grades de proteções, cercas elétricas e todos os aparatos que supostamente nos ofereçam segurança em meio a está avalanche de violência. Quando encontramos crianças dormindo nas ruas ou vagabundeando nas Praças e semáforos, não nos preocupamos com elas, simplesmente fugimos delas. Até mesmo quando encontramos grupos de crianças e adolescentes se drogando em praças publicas, simplesmente nos desviamos delas, Já estamos nos acostumando a está realidade.

A essas crianças e adolescentes das ruas, praças e becos, nós, quase que em gestos automáticos e muitas vezes até sem olharmos em suas faces, nos desviamos delas, evitamos o mínimo de contato. E daquelas crianças e adolescentes que temos em casa? Daquelas que não podemos fugir da sua existência ou das quais não podemos nos desviar. Dessas, também estamos fugindo e nos desviando. Quando permitimos que nossas crianças ou adolescentes permaneçam horas e horas diante do computador, navegando em sites sem que tenhamos controles ou conhecimento, estamos nos desviando. Quando não nos preocupamos com os seus amiguinhos, estamos também nos desviando. Até mesmo quando não nos preparamos culturalmente para acompanharmos a evolução de sua geração, estamos nos desviando, estamos lhes evitando.

Desta forma, quando essas crianças ou adolescentes cometem crimes, mesmo assim, ainda são vítimas. Vítimas da nossa covardia em nos adaptarmos a violência, em vez de enfrentá-la. São vítimas da nossa falta de mobilização por uma sociedade com projetos claros e definidos de uma educação efetivamente includente. E para que não sejamos vítimas de nossas próprias crias, dentro ou fora de nossas casas, iniciemos o mais rápido possível, o nosso repúdio aos que estão se adaptando à violência.

ANTONIO RODRIGKS
Enviado por ANTONIO RODRIGKS em 11/12/2009
Reeditado em 15/06/2023
Código do texto: T1971668
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