O VOTO CONSCIENTE !!!

Decorrente das inúmeras campanhas inseridas nos meios midiáticos (jornais, televisão, rádio) é que surge a necessidade de entendermos o significado disso tudo e lutarmos para que o “voto consciente” aconteça. O desafio apresenta-se na medida em que vivemos numa sociedade pautada na desigualdade, na concentração de riquezas, onde o trabalhador encontra-se, de modo geral, excluído da fruição do que foi por si mesmo historicamente produzido. É ele quem constrói os edifícios, fabrica carros, [...] e, contraditoriamente sobrevive “de aluguel” e faz “malabarismos” para honrar suas contas até o fim do mês. Para naturalizar estas contradições o capitalismo (que não tem nada de natural) se utiliza de ideologias (as meias verdades), que são fundamentais na perpetuação das injustiças sociais.

Todavia, assim entendo, que em tal sociedade a ampliação da possibilidade de sensibilização da população prescinde do acirramento da democracia dentro de um processo de “transposição didática” em que os interesses da “comunidade civil” suplantem o “clientelismo”, “os interesses politiqueiros-particulares”, “o paternalismo”. Para a sociedade brasileira tornar-se mais justa é imprescindível que aconteça a participação. Somente, deste modo, a democracia deixará de ser um instrumento pelo qual uma pequena minoria governa em favor de seus interesses e com o consentimento da maioria-votante (Evaldo Vieira). Neste sentido, a aceitação de que todos os candidatos são “iguais”, que são “bandidos” precisa ser contestada, pois, partir da premissa de que qualquer político é corrupto e de quem não é, acaba se corrompendo e, por isso, a população continua a aceitar favores em troca do voto, entregando-se aos “vendilhões do templo”, àqueles que vendem a “própria alma” para permanecerem no poder.

Nos últimos anos percebemos que o Brasil tem melhorado, foram inúmeras as conquistas que embora longe de atingir o estágio ideal, não podem ser esquecidas. Trata-se do modo de governar pautado na responsabilidade com o social. E, por incrível que pareça, foi necessário um operário chegar à presidência para que grandes economistas entendessem que para o capitalismo funcionar é crucial que exista a distribuição de riquezas. Assim, só pelo fato de Lula ter rechaçado a Área de Livre Comércio na América-ALCA de nossas fronteiras já valeu a confiança nele depositada. Sem isto, o Brasil estaria numa situação pior que a do México e tantos outros países que permaneceram reféns economicamente dos EUA. As melhorias aconteceram em todas as áreas: economia, educação, saúde, relações diplomáticas. A “onda das privatizações” (marcada pelo projeto liberal de governar de seus opositores) foi interrompida. Pode-se dizer que “a esperança venceu o medo” e a auto-estima para quem trabalha voltou a aflorar. Por isso, quem deseja continuar construindo um “Brasil, país de todos” precisa empenhar-se para que o modo de governar pautado no formato do “Estado do bem-estar-social” permaneça em detrimento do “Estado Liberal”.

Nestas eleições há muito para refletir. E, impreterivelmente a reflexão passa necessariamente por leituras que estão nas entrelinhas dos discursos e plataformas dos candidatos em todas as instâncias. Pensar sobre o compromisso dos candidatos, quem são os que bancam as suas campanhas e os interesses atrelados é crucial.

Não podemos mais aceitar que pessoas vendam seu voto em troca de benefícios pessoais, cestas básicas, dinheiro, esmolas, [...] O voto de um cidadão não pode valer tão pouco. Candidatos que compram votos (promovendo bailes, pagando cerveja - por exemplo) não possuem compromisso nenhum com o bem estar da sociedade como um todo, com a educação, com a segurança, com a saúde, com a prevenção ao crime.

É o papel também da imprensa - que não pode se eximir desta função social que justifica sua existência - contribuir com o debate em torno do voto consciente e denunciar largamente todas as “ações que vão contra o avanço da democracia”.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 18/08/2010
Reeditado em 01/09/2010
Código do texto: T2444716