O POLÍTICA LIBERAL E A EDUCAÇÃO

No Brasil, durante séculos a educação foi destinada as elites. Entretanto, com o desenvolvimento do comércio, da indústria e a panacéia do êxodo rural, sobretudo na década de 70, passa-se a aumentar a procura por vagas na escola e sem o número de professores necessários para suprir esta demanda. Assim sendo, num quadro de improvisação e precariedade, o sistema escolar foi paulatinamente expandindo-se para alcançar “as massas”. Todavia, especialistas afirmam que apesar de ampliada na quantidade (oferta de vagas), não houve um compromisso com a qualidade.

Basta uma breve digressão histórica para se verificar, que em linhas gerais, apresentou-se o “estudante” exemplar como aquele que disciplinado, executa atividades sem questionar muito. Nestas concepções educacionais o estudante é tido como uma tabula rasa a espera do comando de um “ente superior iluminado”. É interessante perceber que a mentalidade tradicional-mecanicista ecoa na atualidade, ou seja, a sociedade muda e a escola em sua essência, por vezes, parece inalterável. Neste sentido, todo debate que procure explicitar as razões pelas quais as coisas são assim - aqui, de modo particular, no âmbito da educação - carece de aprofundamento.

São inúmeras as receitas apresentadas para tirar a educação de seu atraso e “chatice”. Mudam pedagogias, os discursos, as determinações, para camuflar o desvio de investimentos, a “má vontade política” de resolver o problema. Constantemente propalam novidades de mudanças para que nada mude. Talvez a escola que não “dá certo”, que não “funciona” seja a que melhor atenda aos interesses daqueles que estão no poder. Afinal, a socialização do conhecimento entra em contradição com a sociedade dual, em que os detentores dos meios de produção sabem e, por isso, mandam; enquanto para a maioria da população compete a obediência.

A “onda liberal” atua freneticamente em favor da privatização, da terceirização e, mais recentemente utiliza-se da publicização - onde Organizações Sociais Não governamentais (ONGs), entre outras - assumem tarefas de competência do Estado com o dinheiro público. Para o projeto ultraliberal, o Estado deixa de ser defensor da economia nacional e passa ser reformado para submeter-se aos interesses de organismos internacionais (BM, FMI). É a ampliação da “governança” em detrimento da administração burocrática. Tal modelo gerencial tem sido introduzido nas escolas com ênfase alucinógena. Trata-se da constituição de quase mercados. A responsabilidade exclusiva do Estado nas questões sociais é entregue as empresas privadas. Nesta horizonte, quem deseja educação de qualidade é forçado a pagar, pois a contrapartida de um bom serviço prestado é o pagamento. Logo, o “estudante” torna-se “cliente” dentro da lógica decorrente da “mercantilização da educação”.

Uma população educada, bem resolvida economicamente, coloca em xeque os “escorpiões” que sobrevivem em cima da ignorância e da miséria. Quanto mais preparado, mais o professor terá condições de ensinar e reivindicar melhores condições de trabalho. A recíproca também é verdadeira. A educação aumenta a probabilidade das pessoas buscarem os seus direitos e sem ela, vã é a defesa da democratização social.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 21/08/2010
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