O APERFEIÇOAMENTO DO "VOTO DE CABRESTO"

Inicialmente, é importante explicitar que o “voto de cabresto” refere-se ao sistema tradicional de controle do poder político por meio do abuso do atoritarismo, da compra de votos e da utilização da máquina pública. Esta prática arbitrária ficou conhecida na história do Brasil, sobretudo no período da República Velha (1891-1930).

Lamentavelmente após mais de 80 anos esta prática coronelista não acabou, ao contrário foi aperfeiçoada. A “comercialização do voto” permanece latente. Pessoas simples e em “situação econômica desfavorável” são utilizadas de modo vergonhoso pelos “candidatos do dinheiro”, “pelos inimigos do povo”. Exemplo disso, é o caso de uma ex-trabalhadora do setor alimentício de nossa cidade, que após ter contraído doença foi “colocada na rua da amargura”. Por necessidade, a simpática senhora percorre - com uma camiseta da Pastoral da Criança - o bairro embaixo de um sol escaldande buscando convencer o máximo de eleitores a votarem em candidatos que só valorizam o pobre em época de eleição. Em troca de seu voto e de seu trabalho, a mulher demonstra alegria por que irá receber “pela correria” cerca de R$ 900,00 reais. Este é o preço do seu voto e de seu trabalho. Os candidatos que ela representa é bem provável que sejam eleitos. Porém, eles já terão pago a “cadeira” na Assembleia Legislativa e, deste modo, não possuem - via de regra - compromisso com a defesa do interesse daqueles que mais precisam em nossa sociedade “pautada na injustiça social”.

Entretanto, o “homem humilde” continua a acreditar em Papai Noel. Entra eleição, sai eleição e ele volta a trabalhar para os “algozes da população”. Uns fazem isso para “poder ter o que comer”, outros por ingenuidade política. Só uma sociedade formada por “cidadãos miseráveis” aceita fazer campanha para o “mercenário da política” em troca de gasolina, de promessas descabidas, de favorecimento pessoal em prejuízo ao conjunto de toda população. Sem saber “homens bons” são iludidos e numa esfera maior acabam traindo os interesses de quem só tem o trabalho para viver.

É ignomioso constatar que até mesmo na elite pensante de nossa sociedade (os professores) reine a alienação política. Exemplo disso, têm-se a fala da coordenadora do colégio “M” de que ali “os trabalhadores em educação somente colocam ‘propaganda nos carros’ se o candidato fornecer combustível”. Destaca-se, ainda, para exemplificar um pouco mais o aperfeiçoamento na compra de votos, o que aconteceu no colégio “C”, onde a professora “B” disse com sinceridade que ia votar no “candidato professor”. No entanto, por R$ 150 reais e mais dez litros de combustível (semanais), divulgava o nome do canditato “Y” que conquistou até a diretora do colégio ao prometer que “ia” cobrir a quadra de Educação Física. Depois, passam as eleições, os canditados vão embora e ficam estes “analfabetos políticos” reclamando entre si pelo caos em que a educação encontra-se.

Não é função do Deputado Estadual dar esmolas, cesta básicas, gasolina e dinheiro para o eleitor. Sua função é ser honesto, competente e elaborar leis que possam melhorar a vida das pessoas. Quem troca seu voto por “benefícios pessoais”, quem aceita ser comprado, seja pelo que for e como for, não tem moral nenhuma para reclamar da situação que vem depois, do aumento da corrupção, da criminalidade e assim por diante. Lembre-se cidadão: “Voto não tem preço, tem consequência”.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 29/08/2010
Reeditado em 01/09/2010
Código do texto: T2466432