RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E CAPITALISMO

Como toda e qualquer instituição social, a escola não pode ser estudada como se fosse uma ilha, isolada, independente do modo de produção da qual faz parte. Todo pesquisador comprometido tem apreço por esta máxima e, sendo assim, não descarta o retorno à história na tentativa de perceber como a sociedade se organiza em cada momento para educar os indivíduos para o convívio social e garantir sua perpetuação.

Tendo como pressuposto tal digressão histórica, faz-se necessário considerar a afirmação de alguns especialistas de que na atualidade as “escolas públicas brasileiras de 1º e 2º graus não têm conseguido ensinar e instruir, de maneira sólida e competente, os alunos que por elas passam. Com efeito, os alunos não têm se apropriado satisfatoriamente dos conhecimentos escolares: não desenvolvem o raciocínio aritmético e matemático e, assim, não aprendem as quatro operações fundamentais”. Nesta perspectiva é que podemos entender o desabafo do professor “X” do Colégio Estadual “Y” durante evento em prol do Meio Ambiente. Segundo ele “os alunos, na maioria, não assistiram o vídeo sobre o assunto e fizeram dos panfletos de conscientização bolinhas de papel, as meninas sentavam ora no colo de um e ora no colo de outro”. Indignado com está situação conclui “que o aluno ideal não existe e o colégio tornou-se um ‘Shopping Center’ para os pobres passearem”. Talvez possamos dizer que a escola ao funcionar desta maneira esteja funcionando excelentemente na direção da manutenção das diferenças sociais, na medida em que o tempo passa e estes jovens saem da escola sem assimilar os saberes dados pela experiência imediata, rumo aos conhecimentos mais sistemáticos e científicos. Saem sem preparação para enfrentar o vestibular e sem profissionalização alguma.

Com este panorama, suspeita-se que apesar de não criar a divisão de classe, a escola contribui com sua manutenção quando legítima a separação entre a consciência e a prática, ao preparar uns para o trabalho e outros para pensar, ao ensinar o estudante a ler, escrever, calcular minimamente para entrarem no mercado de trabalho. A escola é regulada da mesma forma que o mercado de trabalho onde se constata que a nota para o aluno (sem luz) equivale ao salário. A escola foi fundada de acordo com os interesses capitalistas e precisa corresponder na produção da “qualificação sujeição” para o mundo da exploração do trabalho. Em outras palavras a escola é convidada diuturnamente a inculcar a ideologia dominante, ratificar as desigualdades sociais e aprimorar a força de trabalho compatível com a ordem social estabelecida.

Destarte, todo pesquisa sobre educação para ter coerência necessita – sine qua non - ter presente, pelo menos, as categorias de totalidade e contradição. Pois, vivemos numa sociedade complexa e a escola apesar de ser um elemento determinado também influencia os elementos determinantes. O pensar mecanicista engessa a reflexão educacional e inviabiliza os sonhos daqueles que acreditam na educação como mola propulsora para a transformação de nossa sociedade.

Sem cair numa petição de princípio é relevante entendermos que, no limite, a escola condiciona e é condicionada pelo meio do qual faz parte. Logo, compreende-se a frase que diz: “Quem luta, educa” ao aceitarmos que a educação acontece o tempo todo, nas ruas, na televisão, nos jornais, no exemplo dado pela família, entre outros. Considera-se, enfim, que o esforço deve ser pela superação daquilo que destrói a vida humana na terra (de valor primeiro tornou-se secundária em função do lucro) que é o modo do capital reproduzir-se.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 13/11/2010
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