Um outro alguém

Criei algo, uma identidade, com nome, personalidade, profissão, mas este não sou eu, é alguma coisa. No inicio, parecia brincadeira de criança, este algo não era eu, tinha certeza.

Com o passar do tempo, esta coisa, se tornou alguém, e já não era mais brincadeira, tornou-se parte de mim. Como duas pessoas em uma só. O objeto virou sujeito, a fantasia tornou-se realidade, e já não era mais possível ignorar os seus efeitos.

E agora me encontro em um beco sem saída, ou eu cometo um assassinato e serei livre deste alguém que não me deixa ser eu. Ou aprendo a viver sem ser ninguém, sem identidade, sendo apenas um complexo falso, um charlatão que finge ser uma pessoa, mas tem duas faces.

O suicídio seria uma opção, mas seria duplo, não é justo matar um inocente.

E o tempo vai passando, o que antes era um passeio, agora se torna uma prisão. Sem possibilidade de fiança, sem prazo para o cumprimento de pena, e o mais drástico, apenas eu posso me libertar, a chave esta comigo e não sei onde encontrá-la.