VIOLÊNCIA POLICIAL – CAUSA E EFEITO

Alguns estudiosos dizem que a violência policial no Brasil, tem raízes fincadas no passado colonial. Ela brota da prática do autoritarismo, profundamente enraizada, apesar das garantias democráticas expressas na constituição de 1988. Os seus efeitos são considerados reflexos do passado político brasileiro.

Os exemplos dos massacres do Carandiru, da Candelária, Eldorado dos Carajás, dentre outras atrocidades cometidas pela polícia, atestam esse pensamento.

A corrupção é galopante no Brasil, atinge todas as esferas de poder e até o cidadão comum no seu dia-a-dia, devido à impunidade que reina absoluta. Sempre se dar um “jeitinho” para absolver os corruptos neste país. Principalmente os de colarinho branco.

As leis, embora muitas, são malfeitas e cheias de brechas que possibilitam as mais mirabolantes manobras nos tribunais de justiça. O poder econômico dita as regras do jogo: rico e branco não esquenta cela, preto e pobre apodrece na cadeia. E a polícia está inserida nesse contexto quando, por exemplo, numa blitz libera o filho de pai abastado e prende o negro e pobre pela mesma irregularidade.

As polícias divididas em suas corporações, não se entendem, e disputam poder dentro da própria polícia. A Militar sobre a Civil, a Civil sobre a Rodoviária e ainda a Federal sobre todas as outras. É o caos instalado nas corporações.

O Estado não consegue equipar as polícias que estão o tempo todo em desvantagem com os criminosos e às vezes escolhem ficar do outro lado.

Os policiais reclamam o tempo todo que são mal equipados, mal treinados, mal remunerados. A possibilidade do dinheiro fácil está o tempo todo testando a polícia que muitas vezes é corrompida pelo tráfico.

Alguns, quando expulsos, por desvio de conduta, formam grupos de extermínio ou Milícias (como acontece no Rio de Janeiro) e passam a fazer um trabalho paralelo a polícia e aos marginais, e o que é pior, detendo muitas vezes informações preciosas de como age a polícia, facilitando a sua ação na criminalidade.

A falta de severidade da corregedoria para punir “a banda podre” da polícia, é notória permitindo que a impunidade fortaleça a violência dentro da própria polícia, gerando mais violência.

A sociedade por sua vez, não se envolve como deveria no combate a essas atrocidades, não sei se por medo ou covardia e acaba sendo vítima da sua própria omissão ou concordância. Já ouvi muita gente dizer que bandido tem que ser executado mesmo, a polícia está certa, tem que matar.

A maioria dos meios de comunicação (salvo raras exceções), que deveriam ser parceiros no combate a violência, não contribuem em divulgar as ações positivas de combate à violência, pelo contrário, na guerra pela audiência a “qualquer preço” estampam cada vez mais atos de violência com destaque em suas páginas ou manchetes principais dos seus noticiários.

Não raro hoje em dia assistimos na televisão, dentro dos nossos lares, pessoas serem executas sumariamente por bandidos ou policias todos os dias, como se fosse num filme de ficção, nos deixando horrorizados e em seguida, como num passe de mágica, ficamos maravilhados com uma bela imagem que nos é oferecida, de praias de águas claras e um belo por do sol, propositadamente, para apagarmos da memória a violência que acabamos de assistir.

Diante de tudo isso me pergunto: será que é assim mesmo? Bandido tem que morrer e polícia tem que matar? Bandido tem que se aglomerar nas celas fedidas de cadeias, sem trabalho, sem assistência a saúde e sem julgamento até fugir e cometer novos crimes, ainda piores, pois não houve recuperação e sim escola de criminalidade?E polícia tem que espancar, torturar, humilhar, discriminar, matar para impor a sua autoridade?E onde está a parte boa da polícia? Porque não é mostrada?

Talvez seja necessária uma mudança na formação policial, não se admite mais hoje em dia, que um jovem ao prestar o serviço militar, seja treinado sob as mais variadas formas de violência e humilhação, refletindo depois na sua conduta policial no trato do cidadão. É preciso, no preparo dos policias, trabalhar valores como ética e cidadania, indispensáveis na prática de uma polícia justa e humanitária.

Angela Santana
Enviado por Angela Santana em 28/10/2011
Reeditado em 28/10/2011
Código do texto: T3302760
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