Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Pouco se tem falado acerca desta Comunidade na mídia, no entanto grande importância ela tem para os sete países filiados e mais um convidado, quais sejam, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e, o recém criado, Timor Leste.

Em primeiro lugar, devemos nos ater ao fato de que esta Comunidade abrange os países que tem em comum a mesma língua, qual seja a Língua Portuguesa. O idioma, como se sabe, é um dos mais importantes critérios para se definir e identificar um povo, estando, inclusive, descrito no art. 13 da Constituição Brasileira, o qual declara que “a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”. Ou seja, através do idioma podemos identificar a ligação que une um povo através da cultura, da manifestação escrita e falada, dos anseios, dos desejos, dos objetivos. É através do idioma adotado por uma nação que podemos identificá-la e conhecer seus objetivos.

É inegável a existência de peculiaridades culturais em cada um dos países membros. A cultura brasileira, por exemplo, possui influência não só indígena e africana, mas também árabe, oriental, outros países europeus, como a Itália ou Espanha. Já os países africanos, possuem uma grande influência das diversas etnias existentes em seus territórios, o mesmo ocorrendo com Timor, que sofre influência da cultura local. Mas o fato é que ainda sim existe a língua portuguesa como um fator de coesão e aproximação entre estas nações e que as diferencia das demais nações.

Além disso, devemos lembrar que a ligação histórica dessas nações mostra que muitas peculiaridades da atual conjuntura interna tem a mesma origem e o trabalho em conjunto poderá apontar soluções duradouras e efetivas através da troca de informações e experiências que cada nação pode apresentar.

Como exemplo, podemos citar o desenvolvimento do parque industrial brasileiro e português. A capacidade produtiva desses países podem ser amplamente aproveitados pelas demais nações da Comunidade a partir do momento que leva-se as lições aprendidas com esse crescimento e passa a desenvolver a produção daquelas nações.

Ainda nesse quesito, qual seja, o econômico, devemos lembrar que Portugal, principalmente, mas também o Brasil, possuem um parque industrial produtivo e empresários capitalizados que podem investir na produção dos demais países, com o fim de levar não só emprego, mas também alimentação, dignidade, esperança, cultura e formação a esses povos. Basta ver que a África é um continente marginalizado. Se Portugal e Brasil começassem por investir naquele continente, tornar-se-iam pontos de referência, inclusive dentro da ONU.

Destaque-se ainda, que países como Angola, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor possuem reservas de petróleo consideráveis e, no mundo de hoje, esse produto torna-se de grande necessidade, fazendo desses países, locais estratégicos. E o Brasil possui uma das maiores empresas nesse ramo, qual seja, a Petrobrás, que poderia investir nessas localidades. Merece destaque também a siderurgia nacional, o qual é referência internacional. Outra questão importante são as agricultura e a tecnologia de Brasil e Portugal, que podem servir de base para o progresso dessas nações. E ainda outros fatores culturais e científicos podem ser mencionados.

Por outro lado, a atuação do Brasil na questão do Timor Leste mostra o interesse, ainda que inicial, em reconstruir esta nação e criar um vínculo de aproximação entre os demais países. A experiência democrática brasileira e portuguesa podem hoje servir de base para a construção de uma sociedade democrática nos outros países de língua portuguesa.

Outro fator relevante diz respeito a paz, tão aclamada, mas tão atacada. É tradição brasileira buscar a solução de conflitos através do diálogo. Pois bem, dessa forma, ou seja, através do diálogo, não só trabalhar-se-á na aproximação desses povos, buscar-se-á a consolidação da democracia e, enfim, terá como objetivo a solução pacífica das tensões supra-nacionais.

Por fim, devemos lembrar que estas são poucas e superficiais palavras sobre o tema, mas o fato é que através destas colocações devemos buscar meios para efetivação dessa união e deve-se ressaltar que somente com a união de nossos povos poderemos manter a língua portuguesa coesa, defendendo da influência de outros idiomas que tem permeado o mundo e criando uma identidade que nos distinguirá perante as demais nações.

Piracicaba, 17 de março de 2.003.