Política e Moralidade

Analisando a situação atual da política nacional e tendo por base os fatos pretéritos e contemporâneos, resta-nos algumas indagações: Qual o objetivo da política? Qual a ligação dessa ciência humana com a moralidade? Será que são inconciliáveis?

Pois bem, o termo política significa a ciência de governar a coisa pública, que nada mais é do que o interesse da nação, da sociedade, do país. A nação é formada pelos seguintes elementos: população, composta dos nacionais e estrangeiros que aqui residem, território onde exerce sua soberania e finalidade, que é traçada pela orientação política escolhida pela população no ato de escolher seus representantes.

Particularmente sobre a população, esta apresenta enorme diversidade de origem, orientação política, filosófica e religiosa, interesses e idéias. Por isso, cabe à política conjugar os interesses, por vezes conflitantes, visando atingir o bem público, regulamentando suas diretrizes através de lei, matéria que cabe, predominantemente, ao Poder Legislativo, execução dessas leis, que se reversa basicamente ao Poder Executivo. Existe ainda uma terceira função do Estado, que é a solução dos conflitos, reservada ao Poder Judiciário, mas que não entra no campo deste texto.

Pois bem, da mesma forma que a população, a classe diretiva também é formada por múltiplos elementos, representados pelos partidos políticos. E nesse momento, quando cada um defende seu ponto de vista, seu interesse, é que a moralidade deve prevalecer. E do debate é que surgirá o consenso, traduzido pelas leis, que buscam atingir o interesse público.

Cada elemento participativo deve defender seu ponto de vista e suas idéias de forma livre, por ser esse o fundamento básico da Democracia. No entanto, deve defender suas idéias baseando em princípios que não necessitam de regulamentação, mas que se mostram de sua importância, quais sejam, o respeito à coisa pública, haja vista estar defendendo o interesse da sociedade, a seriedade, que demonstra esse respeito à coisa pública e às suas idéias, a honestidade, que se transfigura no respeito àqueles que confiaram seu voto nesse representante, dentre outros, que não são necessários citar, mas que se apresentam nessa mesma linha de pensamento e se amoldam à moralidade.

No entanto, o que vemos? Qual percepção temos da classe política? Por vezes fica a dúvida de qual interesse buscam, o interesse social ou particular?

Reiteradamente escândalos e mais escândalos assolam o universo político. É uma acusação, uma suspeita, uma história, todas elas que abalam a credibilidade e a confiança na ação dos políticos. E essa história tem se repetido sempre através dos tempos. Recentemente, vivemos inúmeros escândalos, seja no Poder Executivo ou Legislativo, e, analisando-os intimamente, percebe-se a ausência de moralidade, sobretudo pela falta de fidelidade às idéias próprias. Compra-se e vende-se votos, sem que os envolvidos respeitem os eleitores que neles confiaram nem respeitem a própria consciência. E pensamos, será que possuem consciência?

Um dos graves problemas detectados, e que poderiam amenizar essa questão seria a fidelidade partidária. A partir do momento que nosso sistema político elegeu o partido político como único meio de um cidadão poder ser eleito, faz-se necessário que, ao menos, mostre fidelidade a ideologia desse partido, pois é através dessa ideologia que a população se identifica e escolhe seu representante. Senão for assim, qual a função dos partidos políticos?

Como conseqüência, aquele que trocar de partido durante a legislatura, deveria perder o mandato, passando a um suplente, pois o político recebeu um voto de confiança tendo por base a ideologia do partido da qual fazia parte. E quantos não são os casos de troca de partido durante uma legislatura, ou mesmo quantos não são os casos daqueles que estão sem partido... Não podemos saber o que realmente defendem...

Pois bem, está claro que a moralidade está longe de fazer parte do universo político. Por vezes até dão mostras de serem incompátiveis, mas isso não é real. É importante que neste momento delicado que vivemos politicamente, passemos a cobrar daqueles a quem confiamos nossos votos que trabalhem com moralidade e respeito visando o bem comum e não só busquem interesse próprio. E para nós eleitores, faz-se necessário mostrar nas urnas que não concordamos com essa ausência de respeito a nossos interesses.

Piracicaba, 24 de agosto de 2.005.

julianopd
Enviado por julianopd em 15/12/2011
Código do texto: T3389801
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