Dever cumprido

Momentos de turbulência temos vividos diariamente. Por onde andamos, qualquer coisa objeto de nossa observação, o quadro social atual, tudo enfim, parece viver uma desordem sem precedentes na história.

Tudo transmite a sensação de desequilíbrio, desarmonia, total falta de sensibilidade do ser humano com relação ao seu semelhante e ao meio em que vive. Sentimentos e atitudes que valorizam a condição humana são considerados retrógrados, anacrônicos, encontram-se em desuso.

A nobreza humana perdeu espaço para o egoísmo. O que notamos é que poucos são os que agem com o intuito de valorizar os aspectos nobres de vida. Ao contrário, se observarmos bem, perceberemos que a ação do ser humano é voltada única e exclusivamente para satisfazer seus interesses, basta, para isso, observarmos a política atual.

Notamos, pois que algo está errado. A ação humana egoísta tem gerado descontentamento não só no meio social, mas também no próprio indivíduo. Em outras palavras, ilude-se aquele que acredita que, usando de artifícios que ludibriem os demais, será mais feliz. No máximo terá momentos de prazer, que necessitarão de mais e mais ações igualmente egoístas para suprir a ausência daquela sensação momentânea de prazer. Podemos até fazer uma comparação com o dependente de algo, seja as drogas, a bebida, o jogo ou outro coisa qualquer.

E nesse ritmo a sociedade se corrompe cada vez mais.

Claro está que não é nesse caminho que teremos uma sociedade melhor. É evidente que o egoísmo não trará melhorias ao ser humano, mas ao contrário, acarretará em malefícios que gerarão discórdias e tensões.

Para se construir uma sociedade melhor, é necessário agir contrário a essas atitudes. E a razão é clara; se egocentrismo, o egoísmo, a avareza e outros meios têm resultado numa sociedade desarmônica e repleta de tensões, então, por conseqüência, deve-se agir de maneira altruísta, cordial, respeitosa, para que um novo quadro social se apresente.

Não é agindo com essas mesmas ferramentas que causou o panorama atual que iremos mudar esse quadro, mas sim adotando nova postura, a postura daquilo que desejamos, procuramos e acreditamos ser o melhor caminho.

Não são palavras, evidentemente, que mostrarão isso, mas atitudes, atitudes estas concretas e efetivas, fruto do reconhecimento daquele que não aceita mais um modelo imposto de exploração do ser humano pelo ser humano, mas numa sociedade onde todos são iguais e o respeito a seu semelhante está acima de qualquer ambição humana. E observem, o respeito ao ser humano está muito além de simplesmente tratar nosso semelhante com cordialidade. Está na honestidade de nossos atos, está na integração e harmonização com o meio em que vivemos, pois é nele que nos é dado a oportunidade de nos manifestarmos, está no respeito às diferenças e aos diferentes, ao livre arbítrio, enfim.

Poderão dizer, mas por que fazer, se os outros nada fazem? E a resposta é simples: cabe a cada um fazer a sua parte. Não julguemos os demais, mas cumpramos o nosso papel. Se fizermos cada um a parte que nos cabe, teremos certeza que faremos uma sociedade melhor. Cabe a nós escolher se queremos ou não assumir nossa responsabilidade. Sejamos, pois, exemplo através de nossa conduta, para que possamos ter a sensação de dever cumprido.

Piracicaba, 21 de setembro de 2.006.

julianopd
Enviado por julianopd em 22/12/2011
Código do texto: T3401205
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