Tecnologia, Ciência e Destinação

Vez por outra surge acalorados debates se determinado estudo científico deve ou não ser empreendido, se determinada tecnologia deve ou não ser objeto de apropriação pela humanidade. Os argumentos prós e contras são os mais variados possíveis. Alguns repletos de paixões, outros baseados em conhecimentos científicos.

Inicialmente, devemos analisar o acesso à tecnologia e ao conhecimento científico. Ao contrário do que os argumentos pautados em paixões pregam, ambos não podem ser considerados bons ou maus. A tecnologia e o conhecimento científico são neutros, não sofrem em si mesmos com a censura e o julgamento humano. São conquistas da humanidade que as buscou por meio de seus experts com vistas a trazer um ganho social ou cultural que melhore a qualidade de vida.

A censura e o julgamento são atitudes humanas, distintas da tecnologia e do conhecimento. A elas é que se atribuem a capacidade de interpretar mediante a razão de cada um e escolher o que seguir, como proceder, no que acreditar, como agir. Não se relacionam com a tecnologia e com o conhecimento em si. Apenas aplicam verdades individuais frente a um fato que, naquele momento, é um conhecimento científico.

Pois bem, julgar peremptoriamente uma tecnologia como sendo boa ou má é pautar-se na razão/emoção humanas, que são constituídas de pré conhecimentos adquiridos ao longo da vida. Em outras palavras, não é a tecnologia ou o conhecimento científico em si mesmos que carregam a pecha de serem bons ou maus, mas sim a destinação dada pelo ser humano é que os transformam em bons ou maus.

Nos tempos atuais, muito se fala na biotecnologia, onde o ser humano (criatura) estaria desejando brincar de Deus (Criador), como se fosse possível a criatura se sobrepôr ao criador. Como em outros casos, o conhecimento científico em si mesmo, permitido pela razão humana, pode servir tanto para construir uma sociedade melhor como para desvirtuá-la. Isso significa que não é o próprio conhecimento que gera distorções, mas o ser humano que não aplica sua capacidade para melhorar a sociedade.

O estudo científico deve ser empreendido? Sim, sem dúvida, pois a possibilidade de cura de doenças e melhoria na qualidade de vida é um desejo social e também individual. O fato é que, ao utilizá-la, o ser humano, e somente este, deve analisar se essa tecnologia será ou não capaz de melhorar a sociedade.

Qualquer alegação que fira essa possibilidade de crescimento social, qualquer outro julgamento pautado em emoções que não vêem a possibilidade de evolução turvam os olhos e não permitem discussões sérias e racionais. O acesso ao conhecimento jamais deve ser tolhido sob hipótese alguma.

Piracicaba, 10 de março de 2.008.

julianopd
Enviado por julianopd em 27/12/2011
Código do texto: T3408811
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.