Há esperança?

Parece-nos que há cada vez mais fatos que nos levam a duvidar da capacidade humana de se sensibilizar ou de se solidarizar-se com seus semelhantes. Há mostras suficientes de que longe de existir uma união fraternal, o que realmente existe entre as pessoas é o medo, a insegurança, o desrespeito.

Fatos os mais variados possíveis, atitudes antes inimagináveis, ações inconseqüentes, tudo relacionados a um não comprometimento com a vida, irresponsabilidade, total falta de amabilidade.

Diante desse quadro social, é possível acreditar que viveremos numa sociedade mais justa? Há esperança para que possamos viver em paz? Existe a possibilidade de alteração desse quadro? Existe espaço para a bondade? Onde vamos parar?

Ora, parece haver momentos que não nos resta muita esperança. A cada dia surge um novo fato que procura nos tirar toda a esperança de mudança, de alteração desse quadro sombrio de agressão à vida. Quantos não são os momentos em que deixamos de acreditar em algo que possa construir um sociedade mais livre e justa.

No entanto, apesar de momentos como esse surgir, onde nossas forças e esperanças parecem se perder diante da brutalidade da sociedade atual, sempre há, ainda que remota, uma esperança, um brilho que nos faz acreditar que é possível mudar.

Tudo porque depende exclusivamente de cada um assumir uma postura diante desse quadro. Se acreditamos em algo, que façamos desse algo o objeto de nossa vida. Se acreditamos que a vida merece ser respeitada, que assumamos posições que se adeqüem a esse pensamento. Se acreditamos que determinados fatos sociais não são condizentes com o que defendemos, que tenhamos coragem de não assumir atitudes no sentido daqueles fatos.

Não digo aqui para sermos revolucionários ou radicais. Não, isso não é sinal de evolução e respeito, pois revoluções tendem a impor pensamentos de um grupo sobre outros. Devemos ser evoluídos a ponto de respeitar a opção de vida de cada um, mas defender de forma pacífica nosso ponto de vista.

Devemos nos colocar serenamente de acordo com o que defendemos seja por meios de atitudes e gestos, e até por palavras, se for necessário. Aliás, estas últimas adquirem valor efetivo na medida em que essa oralidade traduz o que nossos gestos e pensamentos já demonstram. Se não for assim, tornam-se estéreis.

Devemos defender uma sociedade justa? Sim, mas não usando símbolos de uma sociedade injusta. Não se defende a paz utilizando-se da arma, bem como não se defende a vida representada por símbolos da morte. Deve-se defender a paz, com símbolos da paz, e a vida com instrumentos de vida.

No momento em que mudamos a nossa postura individualmente e passamos a agir de acordo com nosso ideais, estaremos construindo uma sociedade mais livre e mais justa. A mudança é, pois, individual, a partir da assunção de uma postura. A sociedade, por conseqüência, mudou.

Há esperança? Sim, é evidente que há, só depende de nós.

Piracicaba, 08 de julho de 2.008.

julianopd
Enviado por julianopd em 28/12/2011
Código do texto: T3410281
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