Sabedoria Bíblica

“O rei que governa conforme o direito mantém estável o país, mas o ávido por impostos o transtorna.” (Provérbios, 29,4)

A Bíblia é um livro histórico, relatando passagens do povo judeu, berço do cristianismo. Mas é também um livro a-histórico, pois diversos dos seus preceitos transcendem ao período histórico em que foi escrito e transmitem uma mensagem para se viver melhor individual e socialmente.

A Bíblia traz ensinamentos para os mais variados campos do saber e, se observada com sabedoria, leva o ser humano à tolerância, equilíbrio e respeito.

E o preceito citado acima não é diferente. Sua mensagem é para todas as épocas, todos os povos, todos os governos. Rei representa o governante e também o legislador. E nesse preceito, quando diz que o rei (governante, legislador) que governa conforme o direito mantém estável o país não significa apenas conforme as leis, mas a algo maior, na qual as leis devem se inspirar. Nossa própria constituição busca nessa fonte a inspiração para regular a sociedade. Por isso, observa-se que essa disposição dos Provérbios transcende não só o tempo, mas mostra que as leis devem se submeter a algo, e esse algo é, sem dúvida, o direito do ser humano se manifestar em sua plenitude sem ser tolhido por qualquer um de seus semelhantes, mas que essa manifestação seja com responsabilidade e respeito, para aí sim estar caracterizada a liberdade.

Governar conforme o direito também significa que o governante deve servir ao país que governa. E não o contrário. Não é seu dono, nem seu cargo deve ser utilizado para a satisfação de interesse próprio ou de um grupo. Seu governo deve se submeter ao direito do Homem e deve visar o bem comum. Sobremaneira numa república, como a nossa, deve lembrar que República significa coisa do povo e, por trabalhar com a coisa pública, do povo, a este deve voltar seu trabalho, e não o contrário.

Um governante deve saber ouvir a diversidade presente em seu país e saber que esse conjunto faz com que a sociedade cresça, evolua. Deve saber administrar com equidade as divergências entre os grupos e buscar o equilíbrio entre as opiniões discordantes, tendo como objetivo servir ao bem comum, ao direito do Homem. Não é possível a existência pacífica de uma sociedade onde o governante impõe a sua vontade, subjugando o povo.

Por outro lado, como diz o preceito bíblico, a avidez por impostos transtorna o país. Essa avidez onera a população, dificulta o setor industrial e comercial e traz questionamentos sobre a capacidade administrativa do governo.

O que se tem feito com os impostos arrecadados? Quais os destinos de tantas taxas? O governo aplica eficientemente o dinheiro arrecadado? O governo fornece os serviços necessários? Para que tanto imposto, taxa, contribuição? Existem excessos? Esses excessos são (ou serão) corrigidos? O homem se serve do seu trabalho? Ou o seu trabalho tem se destinado para pagar cada vez mais impostos? No caso brasileiro, trabalhamos até o mês de maio só para pagar impostos. E o serviço prestado, como está?

Pois bem, longe de ideologia político-partidária, o preceito bíblico em questão é atual e deve ser observado pelos eleitores ao escolher seu candidato e pelos eleitos, para se lembrarem que devem servir ao país observando o direito do Homem, buscando trazer equilíbrio e proporcionar ao ser humano a manifestação plena de sua capacidade.

Piracicaba, 5 de julho de 2.010.

julianopd
Enviado por julianopd em 31/12/2011
Código do texto: T3415289
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