Apesar dos desencontros e o conseqüente triste fado das desilusões, homem e mulher não devem nunca se culpar por amar, nem se envergonhar do seu prazer ou se punirem sufocando seus desejos.
            Desejo é desejo! Quando se deseja alguém é sempre com a intensidade própria do desejo, com toda a gula e lascívia que o ser desejado nos desperta. E esse desejo por ser tão pleno e revelador, não deve causar sofrimento ou levar a estados depressivos naquela dicotomia do que é certo e do que não é.
            Parto do princípio que o amor é sempre certo porque acredito que ele é, com certeza, o único instante dado aos humanos pelo Transcendente, para que experimentem por alguns instantes, no tempo, a sensação de imortalidade.
            Quando as bocas se perdem uma na outra e os corpos se despem revelando uma ânsia que nunca passa, há alguém além deles, engajado profundamente nessa aventura e cada um deles tem sempre que ter em vista que ele (o Inefável) está metido com eles nessa história que por isso mesmo não pode ser breve e ao acaso.
            Quantos conseguem isso? Não sei... Os que vivem apenas de desejos e encontros ocasionais podem ter seus motivos para isso e sem dúvida têm toda liberdade de fazê-lo. Mas, os que conseguem ficar além das “ficadas” e prosseguir no caminho do encontro dão o testemunho de que é possível viver com mais força( o eterno apelo: “Não pare! Mais força!”) o amor, não só como paixão, mas como compromisso com o outro.
            Há uma frase de João, o evangelista, que gosto muito e resume isso quando diz:”Nós somos aqueles que acreditam no amor”.