UMA ENTREVISTA INESPERADA
Eu estava com hora marcada com o diretor de uma empresa de recrutamento e seleção. Eram 14:15 da tarde e o horário marcado era as 14:30. Estava aguardando na recepção junto a alguns candidatos a emprego e não pude deixar de observar o comportamento daqueles que estavam provavelmente prestes a ser entrevistados e por isso mesmo me chamavam a atenção.
Na recepção, além de mim e da recepcionista, havia mais três pessoas: um rapaz e duas moças. A que estava sentada a minha direita, roia as unhas de modo frenético, denunciando seu estado visivelmente alterado. A que estava na poltrona a minha frente folheava as revistas de forma muito ávida e embora parecesse concentrada no que estava lendo, percebia-se que estava ao mesmo tempo com um olhar distante e levemente preocupado. O rapaz a minha esquerda estava calmo e parecia seguro de si.
Eu estava aguardando a chegada da pessoa com quem tinha ido falar. Durante este intervalo, o silencio era interrompido apena pelo atendimento da recepcionista a nossa frente. Em dado momento, uma moça veio de uma das salas e ficou ali conversando por alguns momentos com a recepcionista que pediu que ela ficasse em seu lugar por alguns minutinhos atendendo ao telefone, pois ela voltaria logo. A moça prontamente confirmou que não teria problema. A recepcionista se ausentou deixando a outra moça em seu lugar.
Poucos segundos depois entrou um rapaz com seus 28 a 30 anos, muito agitado e visivelmente apressado. Embora a moça estivesse no meio de um telefonema, o rapaz insistia que ela interrompesse para que ele pudesse ser atendido:
-Eu tenho entrevista com a Sra. Ana Paula... Falava ele nervoso e apressado.
A moça por sua vez, afirmava com a cabeça e gestos para que ele aguardasse apenas um momento enquanto ela terminava aquele atendimento telefônico. O rapaz afirmou desta vez mais enérgico:
-A Srta. Não entendeu? Eu tenho uma entrevista com a Sra. Ana Paula, marcada para as 14:00 e já são 14:20, preciso ser anunciado agora!...
Ela interrompeu o telefonema e afirmou com calma, mas muito segura:
-Sim, eu sei... Só mais um minutinho... Disse ela.
O ar de inquietação foi substituído por irritação.Mas, ele não tinha alternativas a não ser esperar, mesmo que impacientemente. Ela, após terminar o telefonema afirmou:
- Eu estava a sua espera... O Sr. é Engenheiro Luis, não é isso? ... Meu nome é Ana Paula.
-Ah... você... a senhora é a Psicóloga?...
-Isso mesmo.
Se pudesse reproduzir aqui a expressão deste rapaz para vocês, diria que ele ficou literalmente “gelado”, alterando completamente sua postura que ia de perplexo a arrependido. Logo depois se desmanchou em pedidos de desculpas que pareciam pouco sinceros aquela altura.
O jovem rapaz já estava em processo de entrevista e não sabia. Enquanto acreditava estar tratando com a telefonista, ficou a vontade para se mostrar franco e ser até grosseiro. Quando soube estar tratando com a psicóloga responsável pela sua avaliação, teve que alterar radicalmente se comportamento. O problema é que talvés fosse tarde.
Isso mostra a importância de procurarmos ter um comportamento tranqüilo e harmonioso, tratando as pessoas a nossa volta com gentileza e educação, independente do posto que ocupem. Quando agimos assim, as pessoas com quem mantemos contato, serão as primeiras a advogar em nossa causa. E isso é muito bom. Pense nisso.
Por: Antonio Carlos Rodrigues.