Penso, logo escrevo!

Meu primeiro texto neste site e não sei bem qual gênero escolher, porque também nem sei o que escrever. Pensei que devesse começar a falar sobre meu posicionamento político, já que as eleições estão por vir, então desisti de explicar a teoria política porque daí teria de confrontá-la com a realidade e logo perceberia que teoria e prática na política é como água e vinho, não se misturam. Seria, portanto, perda de tempo para meu primeiríssimo texto.

Pensei em falar sobre minhas divagações filosóficas, mas seriam muitas linhas e muito tempo para expô-las, quero algo mais enxuto mais objetivo, pensei...

Então a poesia (um dos meus prediletos) me veio cantando versos na memória que outrora minha alma já havia externado, mas esta vontade foi rapidamente dissipada com a ideia de despir a minha alma no primeiro encontro, achei muito ousado, atrevido. Imaginei-me num primeiro encontro sobre uma cama despida e sem pudor.

Quebrar-me-ia o encanto das primeiras sensações que só uma paixão inicial poderia me proporcionar.

Ocorreu-me, então, uma vontade súbita de falar sobre a minha vida tal como num diário, onde todos os momentos são lembrados com requintes de emoção e saudade, um pouco de intrigas e, também, boas e inesquecíveis aventuras.

É, até que é um bom começo... Mas não, isso não seria bom para meus leitores. Lembro-me que certa vez cheguei a ler em uma destas gramáticas da vida que o texto representa a personalidade do autor, a disposição das palavras é marca identificadora de cada um deles (nós).

Logo, cheguei a fatal conclusão de que se eu falasse quem eu era não permitiria que o leitor tivesse a oportunidade de praticar seu faro investigativo, estaria cometendo um crime grave contra a língua portuguesa, talvez até a desconfigurando.

Tirando do leitor a graça do texto, da arte de buscar, investigar e descobrir.

Demovida, mais uma vez, de começar a escrever, comecei então a escrever. Escrevi o que havia passado pela minha cabeça nos últimos dez segundos e percebi que o nosso cérebro tem uma capacidade INCRÍVEL de processar várias informações ao mesmo tempo. Que descoberta fantástica!

Outro dia na minha faculdade estava fazendo um trabalho em grupo e não resisti, falei a alguns colegas que eu era ambidestra. Sim, sou orgulhosa do meu poder de manipular as duas partes do meu corpo com maestria e sincronia.

Um deles me olhou espantado e disse-me que eu era "perigosa", no bom sentido, claro. Pois, poucas são as pessoas que conseguem fazer a conexão com os dois lados do corpo ao mesmo tempo. Isso significa que possuo mais interligações cerebrais do que a média. O que me permite fazer muitas coisas.

Fiquei feliz, mas depois me lembrei que o meu lado esquerdo só foi desenvolvido plenamente após muitos anos de treino quando li um livro de Celso Antunes, ele me dizia que toda e qualquer pessoa poderia, se quisesse, desenvolver ambas as partes do cérebro, era apenas uma questão de hábito.

Então, pensei rapidamente que não seria diferente quanto à capacidade e sim quanto à vontade. Continuo feliz, porque mesmo assim, continuo fazendo parte da exceção.

Talvez isto seja uma grande bobagem, como minha amiga sempre diz quando digo a ela que li alguma literatura clássica, vem logo me dizendo que isto é perda de tempo e não acrescenta nada na nossa vida.

Isso sim é uma grande bobagem, uma vez que não conhecendo propriamente o universo das letras ousa criticar aquilo que deleitou a mente de muita gente durante séculos. Ela se esquece de que assim como as músicas que ela escuta para fugir do mundo o universo das letras também o faz, pois é uma arte assim como a arte musical.

Defendo a palavra como defendo a verdade, sempre com muita determinação. O que seria de nós sem ela?

Por isso, uso, estudo, brinco e me emociono com a beleza que é o recanto das letras!