Os "filhos da mãe".

Quando queremos desqualificar alguém, ofender, agredir, uma das primeiras expressões que ocorre, é chamar ao tal de “filho da mãe”. Por outro lado, os mimados inconsequentes, germinados em berço de ouro, são os "filhinhos de papai".

Na verdade, em ambos os casos, o alvo não são os genitores, antes, os próprios ouvintes dos impropérios.

Tenho um amigo que costumava dizer, mesmo aos colegas em suas safadezas; “tua mãe é uma santa; mas tu, és um filho da puta.” Isto é: Todo peso que a ofensa tem, lhe ponho, isentando sua mãe, contudo.

Por que será que “filho da mãe” ofende, enquanto o “filhinho de papai” não tá nem aí? Na verdade, quanto à gestação, não existe mãe falsa; a própria natureza se encarrega de expor a autenticidade dela; quanto ao pai, porém, pode ser omitido, na maioria dos casos, ele é omisso, quando planta e recusa a cultivar sua semente.

Daí, muitos filhos de mãe solteira, em cujos registros, falta a figura paterna. O “filhinho de papai”, contudo, seria um privilegiado, pois, culturalmente se entende o pai como provedor, (ainda que a sociedade tenha mudado isso, no inconsciente permanece) daí, desfrutar das benesses sem méritos seria a “culpa” dos filhos de papai. Chega a dar inveja em um olhar superficial.

Essa “desonra” para a mulher, de ter sido desprezada, se pretende transferir aos insultados com a dita expressão. Afinal, ninguém pensa em ofender a mãe do juiz, quando o chama de filho da puta. Ele é o alvo.

Acho que até os desafetos sabem que a figura materna é sagrada, de modo que não pretendem tocá-la.

Na verdade, seduzir alguém com toda sorte de promessas, depois tratar como objeto, deixando em si consequências eternas, é uma atitude deveras, filha da mãe, que muitos “homens” praticam.

Todos conhecem a fábula da mãe coruja, onde o amor materno faz corujinhas mais belas que beija-flores; dessa “doença” de amar os filhos, as mães padecem, por piores que eles sejam.

Alguém disse de forma bem humorada, que, o clássico conflito entre sogra e nora se dá, por amarem ambas, o mesmo homem.

Então, respeitemo-las todo o tempo, com a melhor atenção possível, pois, lembrar delas um dia apenas, seria uma atitude muito filha da mãe.

Há uma eterna amarra prendendo mães a filhos, que só se fortalece quando o cordão é cortado. Tivéssemos corações um pouquinho melhores, e veríamos o mundo que gira em torno de nosso umbigo.

Parabéns mamães, que Deus as abençoe e proteja sempre!

"Amamos as nossas mães quase sem o saber e só nos damos conta da profundidade das raízes desse amor no momento da derradeira separação." Guy de Maupassant