CEGOS POR OPÇÃO

Sentado numa cadeira no desembarque da rodoviária, entediado a esperar, vi uma cena que mexeu comigo. Avistei um homem segurando com uma das mãos um saco de lixo cheio sobre as costas e a outra mão segurava uma lata de refrigerante. Ele olhou para o interior da lata fixamente, balançou a lata, virou e bebeu. Então ele começa a olhar dentro dos quatro cestos de lixo que ali estavam. Imaginei que ele estava olhando o interior para jogar a lata no cesto respectivo, o orgânico, o de plástico, etc.

Eu estava enganado. De repente ele coloca a mão dentro de um dos cestos de lixo e pega uma latinha já consumida e bebe o resto do liquido que tinha dentro, e repete isso com mais algumas latinhas, depois as jogava de volta no cesto. Depois de todo esse processo se afastou aos poucos caminhando devagar, caminhando sofrido, sumindo ao dobrar na esquina. Isso doeu! É lamentável como certas pessoas passam a vida, jogadas ao acaso, sem nem ter água, ou qualquer certeza de fazer suas refeições, sem qualquer preocupação com higiene, porque ou é aquilo ou nada!

Não quero bancar o “bom samaritano” e dizer que devemos deixar de nos preocupar com coisas pequenas, mas sim que isso serve para ser refletido, refletido da forma como você achar conveniente. Só lhes digo uma coisa: agradeça do pouco ao muito que você tem, porque é uma minoria que tem a sorte de estar tendo acesso a água, comida, um banho, coisas consideradas banais por muitos, acesso inclusive a esse texto. Dê valor a cada segundo de sua vida, pois você é abençoado e pode não saber.

Pense nisso!

03/11/2011