Educação, eis o problema. Vamos à discussão?

Hoje em dia educação e descaso andam lado a lado. Já que sabemos que a educação pública no Brasil não está boa e a população anda bastante mal educada, o jeito é tirar proveito do contexto para dar risada, ou chorar (depende de cada ponto de vista). Relendo o texto, comecei rindo e terminei chorando.

Imaginemos, então, que vergonhosamente cômico é ouvir um professor de português falar “seje”, “esteje” e “de menor” e ainda tirar sarro de um aluno com dificuldades linguísticas que troque “s” por “z” e vice-versa, ou que escreve “agente” em vez de “a gente”. Não está ele no mesmo nível do aluno caçoado?

Pior que “subir e descer a serra na lousa” no momento de escrever, é saber que o professor não entende o que está escrevendo. Professores de Inglês escrevem desde a conjugação dos verbos nas diferentes pessoas até textos complexos, com vocabulário rebuscado que nem em nossa língua entenderíamos sem antes dar uma boa raciocinada ou consultar um dicionário.

O básico, que é o “she goes” e “I go”, eles sabem, agora, vá lá perguntar o que é... “mirror”, “shadow” ou algum termo menos convencional, ou que pelo menos não é aprendido em cursos à distância ou semipresenciais! A maioria deles seguem sistematicamente o que têm de passar aos seus alunos, sem entender nada a respeito. Por isso, transcrevem a resposta de suas atividades do livro para a lousa. Se não o fosse, passariam vergonha ao receber dúvidas do aluno (interessado).

Os alunos, acomodados em ter as respostas prontas, nem mesmo perguntam por que a professora nunca passa algo para fazerem sozinhos e o que significa o “answer” da resposta que passa a todos. Assim, a ignorância é dupla, de professor para aluno e de aluno para professor. Mas também, onde já se viu aluno interessado? Em escola pública?

Bem, mas na verdade é exaltação generalizar e dizer que todos os alunos das escolas públicas são desinteressados. 1% ou menos deles realmente interessam-se e levam seus estudos a sério. Mas fora da escola, pois lá não vão aprender grandes coisas. Portanto, também não se dão o trabalho de questionar muitos professores, deixando-os constrangidos.

As provas que fazem, muitas vezes mal escritas e difíceis de entender, não por conta de um vocabulário mais culto do professor, e sim porque não têm clareza, nunca possuem questões selecionadas de algum vestibular renomado. São sempre sistematicamente “decorebas”, não exigindo do aluno real entendimento do assunto, afinal nem mesmo o professor consegue entender ou, caso saiba, não se esforça para ensinar aos alunos, pois se o fizesse, um ou dois alunos ouviriam-no e o restante não daria ouvido. A não ser pra os fones de ouvido.

Bem, na verdade há exceções. Nem todo professor é egoísta assim. Uns, no máximo, são egoístas com aqueles que não querem nada da vida, dando aula particular àqueles que querem aprender. E falando em aula particular, também vale lembrar do acordo entre alunos válido, no mínimo, para toda sexta-feira da semana.

Se não ocorre em todas as escolas públicas, pelo menos em todas aquelas localizadas nos bairros pobres ocorre: alunos combinam de faltar nas sextas da semana, independentemente de quais aulas terão. Se são aulas de português e matemática, tanto faz, afinal mesmo “na altura do campeonato” não sabem que seus nomes devem ser escritos com inicial maiúscula e que a raiz de quatro é dois.

O resultado desses acordos é a ausência de alunos na sala e a apresentação da parcela de alunos interessados em aprender, quando aparecem um, dois,três na sala de aula. O que podem os professores fazer agora? Neste momento, não podem dar as aulas particulares, pois dando-lhes terão de repetir a dose nos dias em que os alunos voltarem da folga, deixando apenas um, dois ou três sem nada fazer. Nessas horas, mais vale deixá-los debaldes e ausentes de aulas do que ter de fazê-lo depois.

Chegando os dias de aula, sem folgas estipuladas pelos alunos, já se sabe, não existem aulas.O professor, acabando de chegar à sala de aula, muitas vezes é recebido com um “cai fora, Mané” ou com um bela de uma ameaça vinda da música que alguém escuta. “Se ficar de caozada, a porrada come”, diz sempre um ruído do celular do aluno. Para acabar com o ruído, o professor até comenta sobre a proibição de celulares nas salas de aula, mas acaba não sendo respeitado e o ruído continua.

Que é de direito do professor tomar-lhe o celular, confirma-se, tanto que muitos fazem isso. Mas sabe-se bem, muitos não o fazem por razões de medo e cautela, pois muitas vezes estes alunos são grandes criminosos e constituem perigo a todos. Resumindo, tentar por ordem na sala de aula é arriscar-se.

Em meio a isso, podemos questionar: vale a pena investir em mecanismos como computadores, projetores, laboratórios e afins para alunos desta rede de ensino? O certo é que tenham direito apenas à merenda e ao material que recebem anualmente, com cadernos, lápis, borrachas e réguas de todas as formas?(não ganhamos, apenas recebemos, pois o pagamos com impostos).

Com certeza, vários problemas permeiam a educação que temos hoje. Faltam professores qualificados e incentivados, melhor método de ensino, alunos interessados e, por fim, estímulo aos alunos e professores.

Mas como alcançar tudo isso? Então professar agora é profissão de quem é burro? Por que pessoas despreparadas estão nas escolas, fazendo papel de professor? E por que aquelas que sabem não têm interesse em ensinar? Por que há tamanho desprezo com os alunos da rede pública? É proibido ensiná-los preparando-os para o vestibular e fazendo-os pensar? Os alunos estão assim, desinteressados, por conta das condições de ensino ou desfaçatez? Ou valem os dois casos?

Fica, então, a questão. Sinceramente, não me vejo apta a responder a todas essas questões, e mesmo que houvesse pensado nas respostas, seria complicado organizar as ideias e fazê-las de fato claras aqui. Fiz este texto impulsivamente, confesso, porque sei que a situação está crítica. São muitos os problemas e o único desfecho que posso dar consiste em retomar o que disse inicialmente: comecei rindo e acabei chorando (de maneira figurada).