O cúmulo do absurdo

Foi chocante assistir a uma reportagem de um jornal local, na qual os professores foram agredidos pela polícia militar do estado do Pará. Já nos questionamos diversas vezes “que país é esse?”. Bem esse é o “Brasil, um país de todos” onde tudo é possível. A “base de toda sabedoria” não está nas armas de fogo, nos spreis de pimenta e nem no comportamento brutal de seres que nasceram, exclusivamente, para executar ordens. A base da sabedoria está naquele que todos os dias destina o dia todo de sua vida para construir o conhecimento nos “campos de guerra” chamados de escola pública. A base da sabedoria está naquele, que muitas vezes, abre mão de seu lazer no sábado e domingo para elaborar materiais didático-pedagógicos ou corrigir atividades escolares nas horas vagas. A base de toda sabedoria vem de um professor.

Em meio a esse emaranhado de vozes discursivas, gostaria de mencionar um trecho de um belíssimo texto, cujo título é “Ler devia ser proibido” de Guiomar de Gramont. “Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram.” Bem, professores! Talvez essa seja uma das justificativas para o massacre geral que há anos fazem com a nossa profissão. Os professores são os principais responsáveis pela formação de indivíduos perigosamente humanos, quando nas aulas de literatura leem obras como a de “Hamlet” de William Shakespeare, a qual é bastante pertinente para os dias atuais, uma vez que o bendito veneno ainda paira na sociedade atual, com a finalidade de querer cegar os profissionais da educação.

Sente-se é que hora dos professores deixarem viver em si o heterônimo “Ricardo Reis”, pois eles precisam aprender a se equilibrarem na esteira do governo. Enquanto ortônimos, os professores não necessitam apenas de salários mais dignos, e sim de acompanhamento e respeito na sociedade. Refiro-me ao acompanhamento com o médico oftalmologista, uma vez que a irritação nos olhos, em função dos spreis de pimenta, poderá causar danos seríssimos à visão desses profissionais. Os ignorantes já destruíram o mundo duas vezes com guerras, os militares querem causar incêndio na base da sabedoria, assim como queimaram a biblioteca de Alexandria. Diante desses conflitos, quem perde é a geração futura que fica a esperar pelo conhecimento. O mais impressionante é que os filhos desses mesmos militares são educados pelos professores agredidos na manifestação. O tempo passa, e a história é a mesma. Muda-se apenas o cenário. Antes, os escravos que eram os professores dos filhos de seus senhores, e hoje, os professores continuam sendo esses escravos.

Robson Rua
Enviado por Robson Rua em 25/10/2013
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