FAZER O QUÊ? Correr... [EC]
 

     A violência em minha cidade já atingiu índices alarmantes. O bairro onde moro, antiga região de sossego e tranquilidade, tem sido palco de sucessivos assaltos, geralmente entre nove e onze horas da manhã, quase sempre por um rapaz de moto.

     Recentemente minha irmã foi assaltada praticamente na porta lá de casa, precisamente no beco que liga a rua de trás com a que moro. Um rapaz aproximou-se de moto, pediu uma informação e quando ela foi tentar responder ele apontou a arma para cabeça dela e levou tudo que ela tinha de valor naquele momento.

     Dias depois eu estava voltando lá de mamãe quando ouvi o barulho de uma moto. Subi imediatamente na calçada, olhei para trás e percebi que o condutor tinha as mesmas características do assaltante.

     Encostei-me o máximo que pude a parede, meu desejo era "enfiar-me nela", e caminhei rapidamente. Ele diminui a velocidade e ficou ajustando os retrovisores. Entrei no beco praticamente correndo e olhando para trás. Temia que ele retornasse para me assaltar.

     Quando estava chegando ao final do beco ele se aproximou na moto, dera a volta no quarteirão e me abordou de frente. Quando ele foi tirando o capacete eu, morta de susto, gritei, ou penso que gritei: eu não sei de nada e corri, isso tenho certeza que fiz, pois cheguei em casa morta de cansaço. Ele não me seguiu.

     Mas, pior que a tentativa de assalto (ou não) foi aguentar todo mundo tirando onda com minha cara. Imaginando a cara de susto do “coitado do rapaz”; e se não fosse o assaltante? Coitado, deve está até agora com medo da senhora...

     Passado o susto até eu ri da situação. A verdade é que me senti, literalmente, em um beco sem saída.