Morcegos, tem repelente natural

Os morcegos e o vegetal NIM.

(Uma experiência válida)

Morcego tem repelente natural sim. Não precisa destruí-lo.

Quero me dirigir aos leitores que tenham algum problema com a infestação de morcegos nas suas residências ou noutras instalações, sobretudo rurais. A princípio quero esclarecer a importância desse animal mamífero chamado de morcego para o equilíbrio ecológico, logo, para a vida no planeta. Todos nós conhecemos o seu trabalho na disseminação de sementes de muitos vegetais, os quais crescem dispersos pela mata ou floresta e não sabemos como aquelas fruteiras foram nascer em lugares tão distantes ou de difícil acesso, impossibilitando até a circulação das pessoas. Na maioria são os morcegos que soltam as sementes, assim como fazem muitos pássaros e outros animais de vida terrestre, também, é notável a sua participação na polinização para a formação dos frutos e nesta mesma linha, as abelhas, alguns insetos e até mesmo o vento participam da polinização como é o caso clássico da polinização do milharal que ocorre pela ação do vento que leva o pólen para o pecíolo de cada folha. Fecundadas, com o tempo as sementes secam, após semeação germinam, crescem e produzem frutas, sombras e o ecossistema se mantem em equilíbrio. Realmente os morcegos são indispensáveis às nossas vidas. Também não se pode esquecer que a maioria destes mamíferos é insetívora, isto é, alimenta-se de insetos, fazendo o controle natural antes que se tornem uma praga. É a cadeia alimentar em movimento, é o ciclo da vida. É assim na terra, no mar e no ar.

Tenho uma pequena casa em uma bonita praia no litoral do Ceará, assim como belo é todo o litoral do nosso país. Eu mesmo a projetei e acompanhei toda a construção, inclusive eu próprio fiz a montagem de muitas peças. Na fase quase final da sua construção, no momento em que se colocavam as madeiras do telhado, eis que surge um inocente casal de morcego. Os dois ficaram pendurados mesmo durante o dia. Parecia um bonito espetáculo se não fosse causar uma série de problemas posteriormente. A princípio foram espantados, seguidamente retornaram apesar de terem hábitos predominantemente noturnos. E foram ficando e o telhado da casa foi concluído. Prontamente foram chegando outros daquela mesma família, formando uma colônia sem controle. Concluída a construção da casa, uma ponderável colônia de morcegos já se encontrava estabelecida, independentemente da vontade dos proprietários da casa. Começou ali, nos meados do ano de 1985 um grande esforço para expulsar aqueles intrusos, apesar da sua importância para a vida de todos nós, mas se mostravam inconvenientes, pois estavam no habitat errado. A maior tormenta começava logo que o sol se escondia, isto, diariamente. Logo ao entardecer aquele bando iniciava uma revoada em busca de alimentação, pois passaram todo o dia praticamente hibernando, cantando e expelindo esterco, enquanto exala um mal cheiro quase insuportável, contaminando todo o ambiente, sendo mais insuportável nos dias de chuva. Às noites, dentro de casa faziam um verdadeiro balet nas suas revoadas entre as diversas paredes das dependências, deixando-nos em sobressalto. Procurei todo tipo de recurso para espantar aquelas criaturas assustadoras e indesejadas. Tudo que foi ensinando para afastá-los eu procurei fazer. Grande foi o elenco de ações praticadas para afugentá-lo. Nada, mas nada mesmo funcionou, parece que cada processo fazia era aumentar aquela população. Às noites empreendiam grandes passeios pela casa causando muito medo a todos. Todo mês tinha que fazer uma limpeza geral. Mensalmente se juntavam uns cem quilos de esterco chamado de guano. Foi quando surgiram as primeiras propagandas de equipamento eletrônico que emitia sons de baixa frequência que, segundo os fabricantes, espantavam os morcegos. Sequer fez um pequeno efeito ou diferença. Tudo em vão. Aumentavam as despesas. Fechei todos os acessos por baixo das telhas colocando massa com cimento. Passaram a utilizar os espaços entre as telhas para os devidos acessos e saídas. Moravam entre as telhas, apesar do calor solar. Não serviu de nada, só aumentavam os gastos. Passamos a não mais utilizar a casa, pois não nos causava satisfação. O cheiro do esterco era muito terrível. Alguns morcegos caiam sobre as pessoas quando estavam deitadas para dormir. Eu mesmo fui mordido por desses indivíduos. Tomei vacina por quinze dias consecutivos e dois reforços mensais. E a despesas sempre aumentavam. Já não tinha pra quem apelar nem o que fazer. Não podíamos abandonar o patrimônio, mas nos afastamos por longos períodos, apenas fazíamos manutenção para não tornar a situação mais drástica. Já não tinha mais o que fazer, simplesmente era apenas conviver com os morcegos, pois eles nos dominaram. A casa toda tinha um mau cheiro, no lado poente o fedor era insuportável até uns três metros da casa. Este lado ou este oitão da casa recebe todo o sol quente às tardes; a parede esquentava bastante e se prolongava por boa parte da noite, transmitindo calor para quem dormisse nos quartos daquele lado da casa. Era mais um desafio, isto é, tínhamos que buscar um meio de tornar aqueles quartos menos quentes. Procuramos um vegetal que dificultasse a penetração dos raios solares às tardes. Entre muitos vegetais de porte que pesquisei fiquei apaixonado pelo vegetal NIM. Trata-se de uma planta originária da Índia e que se deu muito bem aqui no Brasil, e em especial no nordeste. Aqui no Ceará o NIM existe em abundância e se mostra muito bem adaptado e resistente às intempéries que por aqui predominam. Este vegetal tem a fama de ser repelente de insetos e se sabe que das suas diversas partes fazem um produto que serve como vermicida para animais e também existem estudos científicos na direção de fabricação de medicamentos para diversas enfermidades humanas, mas por enquanto ainda não foram devidamente protocolados os pedidos de patente, pelo menos não se difunde nada a respeito do assunto.

Enquanto isso vamos voltar a parte que nos interessa, pois casualmente descobri um nobre emprego para a árvore NIM, de forma integral, isto é, inteira e no seu local onde foi plantada.

Então, para minimizar os raios solares, fui a um jardim e comprei cinco mudas do vegetal NIM. Até ai nem me lembrava dos nossos morcegos. Logo fui fazer o plantio no local de interesse, isto é no oitão que recebia o sol da tarde. Afastei uns três metros da casa e fiz uma fila com cinco mudas, distanciando-os com três metros entre si. Já estavam crescidas e tinham aproximadamente um metro de altura após o plantio. Coloquei uma estaca em cada muda para que os ventos não as derrubassem e prontamente começamos a irrigação. Com a vinda do inverno aquelas mudas logo ficaram frondosas e se esticaram na direção vertical. Com dois anos já tinha uma considerável copa e os galhos se entrelaçavam entre as outras mudas às laterais. Veio a sombra e a parede lateral já não mais aquecia e os quartos ficaram com um clima formidável em relação a um passado então recente.

A copa já se encontrava a altura das telhas e as pontas maiores cobriam as biqueiras do telhado. Por essas biqueiras era por onde os camaradas morcegos mais entravam e saíam nas suas revoadas noturnas.

Aos pouco fomos notando que os morcegos já não eram tão inoportunos como anteriormente. Em pouco tempo deu para perceber que eles simplesmente se afastaram do nosso convívio e isto foi quase que instantaneamente.

Eu credito a migração dos morcegos aos pés de NIM, a estes bondosos vegetais todos os méritos que levaram os morcegos a se mudarem da nossa casa, abandonando-a de vez. Isto já está com mais de um ano. A plantação das mudas do Nim foi uma verdadeira graça e isto agradecemos a Deus que nos levou a encontrar uma solução honrosa e nobre. Espero que os camaradas morcegos tenham encontrado um bom abrigo para continuar na missão que lhe é própria. Uma benção divina. Não tem mistério, a influência dos pés de Nim é sem comentário, funcionou mesmo.