O choro de Belém

Aos doze dias do mês de janeiro do ano de 2014, a Cidade Morena acorda aos prantos. Não se sabe exatamente o porquê do choro, mas existem premissas que levam os munícipes a imaginarem o que poderia ser. Chora-se de alegria ou de tristeza; chora-se quando se vive a angústia ou a dúvida. A Cidade das Mangueiras tem motivos de sobra para derramar lágrimas provenientes de cada um dos substantivos abstratos referidos anteriormente.

No início da noite começaram a cair as primeiras lágrimas, fato este que se estendeu ao longo de toda a madrugada. Belém, não somente choramingou, como também se viu aos prantos. No entanto, em momento algum se escutou um pedido de socorro. Recolhida em seu verde amazônico, a Cidade Morena agachou-se diante da Baía do Guajará desde o início da tarde de ontem, a fim de contemplar as águas barrentas do rio. Ao contrário de Narciso, Belém perplexa fica ao assistir as suas próprias imagens refletidas nas águas da baía; imagens estas que que se entrelaçavam em função da correnteza das águas.

Distante, bem distante... o seu fluxo de consciência questionava “onde estão aqueles que sempre me quiseram bem?” Foi então que se iniciou o choro. Com um sentimento de abandono, a então considerada Cidade das Mangueiras, não apresentava nenhuma perspectiva de germinação frutífera. Forte e cheia de energia, tanto quanto o açaí e o guaraná, Belém encontra forças para se levantar e continuar a sua história.

Após uma longa e angustiante reflexão, Belém chegou a conclusão de que não precisava mergulhar em suas águas para morrer e depois nascer uma flor, e sim sustentar o desejo de que um dia ela poderia ser reconhecida como a mais bela flor de uma floresta chamada Amazônia, e isso só depende dos agricultores moradores. Quanto ao choro... será sempre inevitável para a Cidade Morena, ainda mais quando se faz 398 anos.

Parabéns, minha Belém!

Robson Rua
Enviado por Robson Rua em 12/01/2014
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