A leitura na escola ou na universidade não é doutrina e sim uma prática de busca do conhecimento

Ao ler a reportagem “Alunos evangélicos se recusam a fazer trabalho sobre a cultura afro-brasileira” postado na rede (http://acritica.uol.com.br/noticias/Amazonas-Manaus-Cotidiano-Polemica-alunos-professores-trabalho-escolar-afro-brasileiro-evangelicossatanismohomossexualismoespiritismo_0_808119201.html#.Uj3L143dwPi.facebookfiquei), no dia 16 de março de 2014, fiquei impressionado com a atitude dos alunos.

É sempre muito interessante presenciarmos um tema polêmico, pois assim conseguimos fortificar nosso posicionamento a partir do confronto de ideias, é claro que há uma pertinência maior dos comentários que se aproximam de nossas ideias. Pois bem, ao ler a reportagem na íntegra percebi comentários que me deixaram alucinados com a linha de raciocínio de seus autores. Constatei um pensamento em que o autor afirma: "Então eu viro o que leio? Então vou ler sobre Joana Darc." Magnífico esse posicionamento. As ideias antagônicas são naturais em uma sociedade heterogênea, no entanto, a forma como discorremos acerca de uma temática ou a refutamos é algo que precisa ser pensado.

Primeiramente precisamos delimitar o tema em questão, e ao que me parece o pano de fundo dos trabalhos seria a "cultura afro-brasileira". Ser coerente é seguir com o comando da questão. Certamente, se os colegas se recusassem a discorrer acerca desse assunto em uma prova de redação para uma determinada universidade, consequentemente, eles já seriam eliminados por não corresponderem às expectativas da banca elaboradora da questão em discussão.

Precisamos compreender que a produção textual é enriquecida a partir da diversidade do conhecimento de seu autor, e essa diversidade dá-se por meio de pesquisas acerca de assuntos de toda natureza. Para ilustrar meu pensamento, vou usar como exemplo algo bem prático: seja na pregação ou na homilia, o pastor e o padre valorizam negativamente a função da novela para a vida dos cristãos-telespectadores. Para que aqueles líderes pudessem refutar as telenovelas foi preciso que eles tivessem o mínimo de conhecimento para discorrer sobre o assunto, e a partir de então manifestar seu posicionamento. Contudo, o mínimo ou até o máximo de conhecimento não seria o suficiente para que os referidos religiosos valorizarem positivamente as novelas brasileiras.

É fundamental que levantemos a bandeira de nossa religião, sobretudo quando temos como princípio a realização do bem. E acredito que esse é um fundamento que está presente em todas as religiões cristãs. Por outro lado, entristeço-me quando percebo que esse fundamento cede espaço para ignorância e fanatismo. Nossa concepção de leitura não deveria ser inatista, e sim interacionista a fim de que pudéssemos dialogar com outras ideias e construir nossa opinião.

Para os que ainda não tiraram a venda dos olhos, recomendo que leiam e reflitam acerca do comentário a que me referi acima: "Então eu viro o que leio? Então vou ler sobre Joana Darc", e acrescento mais um título para esta leitura: Nelson Mandela. E além do mais é bom também realizarem uma campanha para que o Ministério da Educação passe a borracha nos livros didáticos de História, ao que se refere os capítulo de “Nazismo”, “Facismo”, “Primeira e Segunda Guerra Mundial”, “Revolução Francesa”, “Revolução Russa”, “Formação da Cultura Brasileira” ... Sobrou algo? O que ensinar então?

Robson Rua
Enviado por Robson Rua em 16/03/2014
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