Uma copa como todas as outras e uns brasileiros nunca vistos antes

A cada quatro anos, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) organiza um grandioso evento esportivo em um país sede com o intuito de reunir atletas do muito inteiro, os quais compõem a seleção de seu país com a finalidade de garantir uma copa à Nação. Segundo os organizadores, a ideia do evento é também promover a paz por meio do futebol entre os países participantes. Para a realização de uma copa, a FIFA estabelece metas altamente sofisticadas e muitas vezes desnecessárias, quando o padrão por ela imposto contrasta cenários, a expor dessa forma as desigualdades e os interesses por uma causa.

O governo do país sede realiza investimentos altíssimos juntamente com a FIFA para construir e reconstruir estádios de futebol, de modo que jogadores, comissão técnica e torcedores possam desfrutar do “luxo” que um evento dessa natureza pode oferecer. Ao partir dessa afirmativa, a minha intenção não é estigmatizar o futebol, até porque sou brasileiro e percebo que um jogo prazeroso de futebol pode ser realizado em uma quadra de escola, no pátio de uma casa, ou até mesmo em uma pequena vila onde as traves são de sandálias, quando não de pedras, mas a minha intenção é informar que nesses lugares não existe tanto luxo e o futebol não deixa de ser jogado.

O leitor defensor da FIFA e do governo poderia pensar que estou radicalizando minhas ideias acerca do evento, eu até diria que é natural que esse mesmo leitor pense dessa forma, mas gostaria de lembrá-lo que minha “radicalização” se dá porque penso em outros contextos sociais que poderiam frutificar muito mais do que uma copa, se o mesmo investimento que foi realizado nos estádios fosse feito em escolas da rede municipal e estadual e em centros de atendimento à saúde pública.

O que me deixa menos descontente é saber que o meu posicionamento é também o posicionamento da maioria dos brasileiros. Um exemplo disso foi o despertar do “Gigante Povo” expresso por meio das manifestações nas ruas no ano passado, durante a copa das confederações. Mais adiante, vários setores sociais se utilizaram do status de grandeza para continuar a demonstração de seu descontentamento para com o governo. Foram inúmeras greves, dentre elas destaca-se a dos rodoviários, dos garis e atualmente a dos metroviários.

É bem verdade que o Brasil já havia vivenciado a era dos “caras pintadas” com a juventude, entretanto, acredito que os impactos da copa – mal uso de verbas públicas - protagonizou o movimento “ Despertar do Gigante” e com isso, os jovens da sociedade atual puderam apresentar a sua força ao governo. Diante disso, eu ainda acredito na força da juventude, assim como também acredito que essa mesma juventude não vai mais pensar que é mais fácil quebrar um átomo do que ver um governo brasileiro, de fato, realizar políticas públicas voltadas para o povo.