O Cantar dos homens

No terno do termo, na rua das passadas, dos largos dizeres que nos fundamentam na vida, que nos pregam no chão, como árvores, com os segredos do universo.

Assim é o homem, que caminha a passos largos flexionados no chão, agarrado na sua primaria forma, em suas pedras, agachados como heróis, talhados, como se fosse à batalha, entre outros, entre eles, entre os que observam e entre os que creem.

E o que os leva, o que os conduz, o que os faz ter ideias e andar, senão a alavanca do seu grupo, 'seu hábito', o que mais? O que estaria no vulto de suas ideologias senão a sombra do outro? E quais farmácias ainda haverão de ter, para alimentar a alma faminta desses homens, ou de outro modo, quantos olhares ainda serão necessários para codificar a natureza da humanidade.

Bom, após essas questões, e após tantos devaneios, é necessário ir com calma, do contrário, o leitor, assim como eu pode ser levado a ter acelerações cardíacas, com a intensidade do vago indulto que proponho para o corpo, ou para a reflexão, e quando digo reflexão, defendo os que já se afastaram completamente do corpo, se é que isso é possível, desse modo, me refiro aos muitos que não se colocam com o corpo na levada de trocas fluídas internas entre a mente e o corpo. Esse fenômeno, da mente e corpo, parece que se misturam, tanto que no retorno, após o refletir ou na caminhada reflexiva, balança o corpo, fisicamente e conjuntamente saliento.

Mas por ora basta sobre isso, a questão principal é, o que esta por detrás das escolhas destes homens, isto é, desse lobo incansável que canta como pássaro quando acorda, e que não descansa até ouvir o último suspiro do pássaro intencionado, destes que dizem cantar uma razão, e que estreiam formas de viver coordenadas por esse canto que teimam a chamar de razão?

Digo honestamente, como visgos que temos no hábito, que vejo muitos desses homens como grupamentos, e quando me coloco no grupamento teórico, pré-sinto que também sou passivo, deste hábito, que me repete, assim como muitos, que construídos em cima do habituar-se, repete ideias, compartilha estórias, e cultiva a terra como num ritual do qual insiste geração após geração.

Desse modo, quem teoriza a realidade, parece amá-la eterna e incondicionalmente, pois, de algum modo, repete-a, como quem coloca passos em caracteres, e por isso marca, coloca um código, chega a palavra, teoriza, retira da prática, e diz o que se passa a partir dela, da instantaneidade prática da vida. E esse homem, que teoriza uma sequência, é o mesmo que está na rua, pensando sua tese, confabulando suas verdades, medindo sua redondeza e demarcando um território, simplesmente com o seu cantar.

Pingado
Enviado por Pingado em 25/10/2014
Reeditado em 25/10/2014
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