Continuação do O Ter Para Ser

Partes do meu livro:

CAPÍTULO VIII

O propósito

De volta ao hotel, John não conseguia parar de pensar naquelas poucas horas que estivera ao lado de Susan. De uma coisa ele tivera certeza, ela o amava. A suspeita se concretizara. O amor existe. Sim, o amor existe.

Só se passara alguns minutos desde que ele deixara Susan na porta da casa dela e a saudade já doía em seu peito. Ele desabotoou os primeiros botões da camisa, deixando-a entre aberta ao peito e deitou de costas na cama. Com uma das mãos largadas ao lado do próprio corpo e a outra sobre a cabeça, ele fechou os olhos e respirou fundo. Ainda sentia o perfume dela. John perdeu a noção do tempo, deixou sua mente vagar, revivendo cada momento que esteve com ela.

Na mente de John, eles ainda estavam andando de mãos dadas no parque, o vento batia em sua pele e fazia os cabelos de Susan balançar docemente. Ainda deitado, John abriu os olhos:

— Como ela é linda!

O dia amanhecera rápido demais. John levantou se sentindo cansado. Sentou-se na beira da cama e olhou no espelho ao lado. Ele estava horrível. Cabelo bagunçado, os olhos estavam inchados. Mal havia conseguido dormir a noite. Seus pensamentos vagaram entre a realidade e o sonho.

Ele se esforçou para ficar de pé, pegou sua toalha e foi tomar um banho para poder seguir de volta para sua cidade. Ligou o chuveiro e dessa vez não se importou em encher a banheira. Simplesmente deixou que a água escorresse pelo seu corpo.

Sentindo-se revigorado, John se arrumou. Colocou uma calça Jeans, uma camiseta de gola polo, um tênis e penteou os cabelos. Arrumou suas malas e tomou o café da manhã servido pelo hotel. Ele sabia que a viagem de volta seria um martírio! Ele queria ficar ali, em Minas Gerais, ao lado de Susan, mas sabia que era algo impossível. John pegou o celular e olhou a última mensagem recebida... “Obrigada pela noite, há temos que não me divertia tanto. Já estou com saudades, gostaria que não tivesse que partir”.

Ele já havia lido a mesma mensagem diversas vezes, e a cada leitura, sentia as lágrimas chegarem aos seus olhos. Ele não sabia quando a veria novamente. John olhou para cima, evitando as lágrimas caírem, mordeu o lábio inferior e passou as suas mãos no rosto. Soltando um sopro de frustração, ele abriu a porta do quarto onde esteve hospedado e saiu carregando suas malas. Entrou em um táxi e foi direto à rodoviária. Teria que esperar o ônibus por uma hora. O dia estava quente, a rodoviária estava movimentada. Ele comprou sua passagem e se retirou para a lanchonete. Já estava acomodado em uma das mesas quando sentiu seu celular vibrar. “Uma nova mensagem”, e o coração disparou. “Onde estás? Não consigo lhe encontrar” John não entendeu, encarou o celular por alguns instantes e quando ergueu a cabeça...

— Lhe encontrei. — Susan estava parada poucos passos a frente, sorrindo. Ela estava usando uma calça jeans escura, sandálias baixas e uma blusa branca. O cabelo estava solto e balançava com o vento. John ficou imóvel. Não conseguia se mover. — ele estava alucinando?

— Susan! — finalmente ele se levantou — não acredito! — e foi até ela, dando-lhe um abraço.

— Não poderia deixar que fosse sem me despedir. — ela sorriu olhando nos olhos dele, deixando-o sem palavras.

— Por favor, venha se sentar. — ele indicou algumas cadeiras — gostaria de tomar algo?

— Não obrigada... — ela sorriu.

John não sabia como agir. Susan o pegara de surpresa. Claro que ele imaginou ela indo até a rodoviária para lhe ver, mas não esperava que isso realmente acontecesse. Ela tinha seus compromissos, sua vida. Ele olhava para ela enquanto ela falava. Ele a admirava. As horas foram passando, e ele queria poder atrasar o relógio para tentar adiar o fim daquele encontro. Seria impossível, mas pelo menos, poderia ter uns minutos a mais com ela.

— Susan, pode lhe parecer estranho, mas o que vou falar é algo sério. Eu vim aqui para ter a certeza de uma coisa, e agora a tenho...

— Qual certeza? — ela o interrompeu.

— Uma certeza de sentimento. Quando a vi, juro que parecia um sonho e não é exagero. Estou disposto a lhe esperar pelo tempo que for necessário, mas preciso saber... — ele respirou fundo — você acredita num possível relacionamento para nós?

— John, eu não sei o que aconteceu conosco — ela olhou para ele — mas seja lá o que estiver acontecendo, eu quero esperar por você. Eu sinto que devo lhe esperar. — ela olhou para as suas mãos, sentindo o rosto esquentar pela vergonha do que havia dito.

— Não precisa ficar acanhada. Vamos entrar num propósito então?

— Que tipo de propósito? — ela levantou a cabeça e o encarou.

— Vamos orar juntos, todos os dias, elevando nossos sonhos e desejos ao Senhor, até o dia que Ele nos torne a juntar.

— Durante esse propósito, vamos nos conhecendo melhor?

— Sim. E futuramente, se assim você quiser, podemos nos encaminhar para oficializar um relacionamento.

— Por oras, um compromisso para guardarmos nossas emoções e sentimentos um para o outro... — ela disse mais para si mesma.

— Acredito que sim — ele respondeu, mesmo sabendo que não precisava responder.

Os minutos foram passando, quando John deu por si, o ônibus já estava na estação, estacionado na plataforma, esperando seus passageiros. Ele se levantou, pegou as malas e Susan também se levantou, sem tirar os olhos dele. Ambos seguiram até o ônibus sem dizer uma palavra. Quando John estava a embarcar, Susan se aproximou, ficou na ponta dos pés e deu um beijo no rosto dele.

— John, — ela disse sorrindo — eu vou esperar você. — naquele momento John se sentiu o homem mais sortudo do mundo. — me espera também?

— Por você eu espero horas, dias, meses, anos. Eu espero o tempo que for preciso — ele beijou-a na testa.

— Isso é uma promessa?

— Agora é. Te esperei até aqui, e vou continuar esperando, Susan. Não precisa ficar com medo. — ele aconchegou-a a seu peito, e assim eles permaneceram, desfrutando do calor um do outro até momento que ele teve que entrar no ônibus.

Eliezer Vilela
Enviado por Eliezer Vilela em 26/11/2014
Reeditado em 04/05/2015
Código do texto: T5049277
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