ENEM

“Na noite onde todos estamos, o sábio esbarra com a parede, enquanto o ignorante fica tranquilamente no meio do quarto.” ( Anatole France )

A ideia desenvolvida na frase acima é que o sábio sente-se deslocado com a escuridão, enquanto o ignorante está “em casa”. O sábio em questão não é um iluminado; longe disso! Está também no escuro, mas, ciente disso e desconfortável. “Os melhores homens que conheci, - disse Charles Spurgeon – estavam descontentes consigo próprios, sedentos por melhorarem.” Esses são os “sábios” que lutam contra suas trevas particulares.

Entretanto, os ignorantes modernos há muito perderam a modéstia e parecem se orgulhar de suas “estaturas” intelectuais. Tente alguém ajudar a outrem sendo verdadeiro invés de “legal” e provavelmente arranjará um desafeto.

Nossa boa intenção ao ajudar nunca é corretamente interpretada, antes, soaremos como quem quer sobressair, aparecer, quiçá, tripudiar à custa alheia. Desse modo, não olhamos ambos para o mesmo alvo, infelizmente. “Quando você aponta uma estrela para um imbecil, ele olha para a ponta de seu dedo”, se não me engano, de Mao Tse Tung. É algo assim que sucede. Tentar ajudar alguém a crescer é mirar o futuro, algo distante como uma estrela; mas, ser “reconhecido” como mero desmancha prazeres se dá porque o alvo olha para nosso dedo, a má intenção que, melindroso presume.

O imediatismo virtual, a facilidade de exibir como nossas as medalhas alheias maquia bem nossos lapsos cognitivos. Todavia, num choque de realidade quando carecemos mensurar seriamente se temos “café no bule”, fracassamos rotundamente como meio milhão de pessoas no último ENEM. Num universo de aproximadamente doze milhões, isso quer dizer que, uma em cada vinte e quatro pessoas tirou zero na redação. Mas, a Dilma deu a mostra do pano: “Brasil, pátria educadora”. Pois é se cada um de nós tivesse um “marqueteiro” pessoal para dourar a ignorância, como certos políticos...

Na verdade, a maioria dos que buscam o conhecimento o fazem de modo pequeno; digo; não pelo conhecimento em si, antes, pelo que ele dá. Um diploma, dinheiro... Melhor assim, contudo, que ser privado dele.

Os cegos têm a audição e o tato infinitamente mais apurados que os que veem, uma vez que usam tais sentidos como meios de suprir o lapso da visão. Nós os temos um tanto atrofiados pelo espalhafatoso alcance das vistas. De igual modo, os viciados na geração vídeo que se abstraem de ler e refletir acabam atrofiando parte do potencial imenso de suas almas. Não chocam-se jamais com as paredes, a menos que, um ENEM da vida force a caminhar "no escuro".

O mais sábio de todos os homens, Salomão, cotejou dinheiro versus sabedoria; adivinhem quem ganhou, segundo ele? Leiamos: “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7; 12

Qual é mais buscado,contudo? Alguém já viu uma biblioteca, por exemplo, ostentando filas de interessados como a Mega da Virada? Gostando disso ou não, quem escolhe alvos errados, mesmo acertando “na mosca” nunca dá um bom tiro.