A VENEZUELA DE CHÁVEZ

Um assunto bastante recorrente nos últimos tempos, sobretudo nos temas que envolvem a América Latina, é o espalhafatoso presidente Hugo Chávez. É difícil adentrar no mérito da questão sem tecer algum comentário acerca das extravagâncias deste personagem que é ao mesmo tempo cômico - pela sua forma de enxergar o cenário internacional e pelas encenações para implantar um socialismo à sua maneira -, embora trágico, com pensamentos e medidas perniciosas para com as classes que o puseram no poder. O populismo é a principal característica que marca sua forma de governar muito parecido com os caudilhos, figuras autoritárias, quase sobrenaturais.

Vimos que quando assumiu o poder pela segunda vez e, pasmem, através do voto direto, o célebre sufrágio universal, o nosso personagem central (Chávez, é claro!) prometeu que faria uma “revolução bolivariana”, referência ao revolucionário Simon Bolívar que conquistou a independência da Venezuela. O herói da independência venezuelana, ironicamente morto de tuberculose, certamente morreria de vergonha se estivesse vivo ao se ver citado por um chefe de estado que representa um ideal de comunismo totalitário, um “afilhado” de Fidel Castro, representante direto daquilo que conhecemos como cerceamento de liberdades individuais. Ora, a concepção bolivariana estava pautada por ideais libertários onde o foco do pensamento comum era o de construção da democracia e liberdade da, então, tirania da coroa espanhola.

Tamanha contradição deve ser atribuída, talvez, pela ignorância gigantesca que cercam o presidente Hugo Chávez que, num determinado momento, certamente teria confundido o personagem histórico que o representaria com muita propriedade seu pensamento estapafúrdio. Nesse caso, o representante ideal para o atual chefe de governo venezuelano estaria encarnado na pessoa de Antonio Guzmán Blanco do final do século XIX, figura igualmente autoritária que, como Chávez, adorava aparecer vestido de soldado como forma de impor seus pensamentos às camadas sociais.

Numa tentativa frustrada de golpe Chávez saiu do anonimato em 1992 e, dez anos mais tarde, com apelo populista peculiar de seu discurso, atingiu seu alvo: as camadas mais pobres. Desse modo chega ao poder pela primeira vez. O detalhe é que ele sabe que o país tem o “ouro negro” (petróleo) em abundância e utiliza-se de seus “petrodólares” para cooptar governantes de países vizinhos como é o caso do financiamento de campanha e sustento de Evo Morales, da Bolívia, a quem acreditamos que o Chávez – em momentos de particular descontração – o chame de “totó”.

Há cerca de dez anos foi escrito o “Manual do perfeito Idiota Latino-americano”; obra que critica líderes populistas por se apegarem a mitos mal concebidos para reforçar o sentimento de nacionalismo exacerbado e o ódio às nações mais ricas ou mais desenvolvidas como é o caso dos Estados Unidos. Estes líderes são, na sua imensa maioria, descendentes de migrantes rurais, de classe média e profundamente ressentidos com a vida dos ricos. As universidades públicas desses países fomentam ainda a idéia de que as riquezas precisam ser tomadas das mãos daqueles que a roubaram (é o surgimento da cultura do Idiota).

Neste modo “Idiota” de governar está impressa e bastante visível o paternalismo acompanhada do assistencialismo. Por traz dessas idéias aparece o autoritarismo disfarçado sob segurança de estado e em seguida do clientelismo. Este último surge da iniciativa esdrúxula de estatização dos meios de produção, onde se têm origem os cabides de empregos para os setores da sociedade que o governo pretende agradar. Já vimos que o mundo inteiro está percorrendo um caminho contrário, pois que são medidas que enfraquecem o estado, que reverte as riquezas do país na aquisição de poderio bélico em detrimento de investimentos nas necessidades básicas de sua população. Esquece-se de que um povo soberano não quer dizer, necessariamente que deve ser um povo armado. Soberania plena é possuir, antes de tudo, pensamentos que desencadeie uma cultura igualitária, democrática e justa.

LUCIANO SILVA
Enviado por LUCIANO SILVA em 04/06/2007
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