MODERNIDADE LÍQUIDA, ZYGMUNT BAUMAN
"Em resumidíssimas palavras, modernidade líquida é a época atual em que vivemos. É o conjunto de relações e instituições, além de sua lógica de operações, que se impõe e que dão base para a contemporaneidade.
É uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança. É nesta época que toda a fixidez e todos os referenciais morais da época anterior, denominada pelo autor como modernidade sólida, são retiradas de palco para dar espaço à lógica do agora, do consumo, do gozo e da artificialidade." -
Com a queda dos valores morais antes cristalizados, nós, filhos do meio da história, ficamos com a difícil tarefa de nos reinventarmos. Tarefa essa que é uma enorme oportunidade para criarmos novas maneiras de interagir em sociedade, com um pouco mais de consideração com o outro e, sim, com mais amor também.
Estamos vivendo uma janela de oportunidade, mas, infelizmente, como já aponta Bauman, o caminho que está sendo traçado é perigoso e ouso a dizer que é equivocado.
Em tempos de modernidade líquida, o que importa é o momento, o fugaz, o instantâneo. Com essa valorização do que não dura, há o risco iminente de se entrar num hedonismo exacerbado, que, somado ao consumismo, é extremamente danoso.
Já escrevi aqui um pouco sobre o consumo, portanto não vou aprofundar no tema. Contudo, a modernidade líquida se estende aos sentimentos e às relações. É aqui é a coisa se complica. Os relacionamentos são dotados de uma efemeridade inédita, que corrompe a possibilidade de aprofundamento não só nas relações, mas nos sentimentos também.
Crescemos como humanos conforme nos relacionamos, seja com o outro ou com nós mesmos. E as relações humanas sempre serão complicadas, demandando tempo, paciência e cuidado para desenvolver algo mais duradouro. Esses são elementos escassos em tempos líquidos.
A modernidade corre o risco de criar humanos que não aprenderam a lidar com os sentimentos mais importantes de sua própria composição, pois tudo é muito rápido.
Não creio que uma retomada de antigos valores morais seja a solução, longe disso. Mas eu acredito no humano, acredito nas relações mais duradouras e na solidez dos sentimentos.
Que tempos de crise como o nosso sirvam para a valorização das relações, do humano, do amor sólido e não para a banalização completa de tudo que criamos como humanidade até então.