O DEUS HERMES

Esta é a história de um dos deuses do Olimpo que nasceu na Arcádia. Seus pais foram o deus dos deuses, Zeus, e a ninfa Maia (uma das Plêiades). Zeus e Maia tiveram um filho e o nomearam de Hermes que passou a ser uma das doze divindades gregas do Olimpo.

O mito de Hermes surgiu no período arcaico da história da Grécia (entre 700 a.C e 500 a.C) na região da Península do Peloponeso. De acordo com os mitos mais antigos, Hermes, em seu primeiro dia de vida, realizou vários feitos: criou a lira (instrumento musical), criou o fogo, os sacrifícios em homenagem aos deuses, etc. Por este motivo, destacou-se por sua inteligência.

Era muito inteligente. Ficou famoso por ser o único filho que Zeus teve que não era de Hera. Após a Grécia ser conquistada pelo Império Romano, a figura e o mito de Hermes sofreu um sincretismo com o deus romano Mercúrio (deus do lucro, do comércio e também o mensageiro dos deuses). O povo romano o chamava de Mercúrio, pois Hermes tinha as mesmas características de um deus místico do universo. A deusa Hera passou a gostar do filho bastardo de Zeus, porque ficou impressionada pela inteligência do menino.

Hermes não era somente inteligente, mas também encantava a todos os deuses e outros seres míticos com o som da sua flauta e de sua lira. Conta a história que, certa vez, salvou Io, uma bela jovem por quem Zeus se apaixonara e que Hera havia castigado, transformando Io em uma novilha branca para não ser atacada por Hera. A garota era vigiada constantemente por Argos, um monstro mítico de cem olhos. Como ele fechava dois olhos de cada vez para dormir, podia vigiá-la o tempo inteiro, sem intervalo.

O pai de Hermes pediu ao filho que salvasse a moça. Hermes partiu, levando consigo o seu bastão que tinha o poder de adormecer as pessoas. O rapaz foi ao encontro de Argos tomando a forma de um pastor. Para se aproximar o monstro de cem olhos, disfarçou-se de pastor, sentou-se ao seu lado de Argos, contou histórias e tocou sua gaita com tal suavidade que todos os cem olhos de Argos se fecharam. Hermes aproveitou aquele exato momento para cortar a cabeça do monstro, libertando Io da maldição de Hera.

Quando a deusa viu seu vigia morto, ela pegou os cem olhos de Argos e os colocou na cauda do pavão, onde estão até hoje. Como ainda nutria um ciúme enorme por Io, mandou uma grande mosca para atormentá-la. A moça, desesperada, escapou, jogando-se no mar que recebeu o nome de Jônico. Nadou até o rio Nilo, onde Hera não mais lhe atormentou e Zeus não mais lhe prestou atenção.

Perséfone era uma garota despreocupada que colhia flores e brincava com suas amigas. Foi a paixão de Hermes que tentou casar-se com ela, mas foi impedido por Deméter, a mãe da moça.

Quando os sinais da grande beleza e feminilidade de Perséfone começaram a chamar a atenção de todos, em sua adolescência, o deus Hades, o Plutão dos romanos e senhor dos mortos, encantou-se por ela e a pediu em casamento. O pedido foi negado por Zeus, pai da jovem, por interferência de sua mãe, Deméter.

Hades não desistiu da jovem e donzela. Um dia, enquanto Perséfone colhia narcisos, o deus dos mortos apareceu repentinamente em sua carruagem por uma abertura da terra, raptou-a e levou-a para seu reino subterrâneo para torná-la a rainha Proserpina do distante Mundo Avernal, o Erebo, a vigilante das almas dos falecidos. Embora Perséfone não fosse um dos doze deuses olímpicos, foi a figura central nos Mistérios de Elêusis, que por dois mil antes do cristianismo foi a principal religião dos gregos.

Sua mãe, Deméter, ficou inconsolável e não aceitou a situação, deixou o monte Olimpo, persistiu em conseguir o retorno de Perséfone ao mundo dos vivos, por isso forçou Zeus a considerar seus desejos e este ordenou que Hades devolvesse sua neta.

O deus dos mortos foi astuto e planejou uma maneira de prender a jovem para sempre aos infernos. Segundo a lenda, quem comesse qualquer alimento no reino de Hades, ficaria obrigado a retornar para aquele horrendo lugar. Então, ofereceu a sua amada uma romã, o símbolo do casamento, e ela inocentemente comeu alguns grãos.

No momento em que estava partindo na carruagem de Hermes que Zeus havia enviado para apanhá-la, Hades exigiu que ela deveria passar uma parte do ano no mundo dele. Com isso, ficou estabelecido que Perséfone passasse um período do ano com a mãe e outro, com Hades, quando se tornaria a sombria Proserpina, a deusa do Inferno.

Desde então, cada vez que a rainha descia ao mundo dos mortos para encontrar o seu marido, o inverno chegava à terra. Todas as vezes que Perséfone voltava para a sua mãe Deméter, era chamada por Core, a eterna adolescente. Naquele momento, surgia a primavera que fazia o inverno desaparecer e trazia as flores e o verde da natureza e os grãos brotavam, saindo da terra.

Hermes passou a ser conhecido por suas viagens como o deus grego dos viajantes. E também passou a ser reconhecido como o deus dos pastores, dos mercadores, dos banqueiros, dos ladrões, dos adivinhos e arautos.

Com suas sandálias aladas, veloz como o vento, ele servia como mensageiro dos deuses e conduzia os mortos para o mundo inferior.

Teve muitas amantes mortais e divinas, entre elas, a ninfa Dríope, com quem teve Pã; Acacalis, filha de Minos; Herse, filha de Cécrope; Eupolêmia, Antianira, mãe de Equion; Afrodite, a deusa do amor, com quem teve Hermafrodito; a ninfa Lara, náiade de Almon.

Divindade muito antiga, Hermes era invocado, a princípio, como deus dos pastores e protetor dos rebanhos, dos cavalos e animais selvagens. Com o tempo, também tornou-se adorado como deus do comércio, do vento e da velocidade, da ginástica, dos números, do alfabeto e de muitas outras coisas.

Na mitologia grega, Hermes era o deus mensageiro, dos pesos e medidas, dos pastores, dos oradores, dos poetas, do atletismo, do comércio, das estradas e viagens e das invenções. Era considerado, na Grécia Antiga, o patrono dos diplomatas, dos comerciantes, da ginástica e dos astrônomos.

Frequentemente é representado como um jovem de belo rosto, normalmente nu ou vestido com uma túnica curta e trazendo na cabeça um capacete com asas, calçando sandálias aladas e na mão seu principal símbolo, o caduceu doado por Apolo. Como mensageiro ou intérprete da vontade dos deuses, deu origem ao termo

hermenêutica.

Hermes foi muito popular na Antiguidade Clássica. Vários templos foram construídos em sua homenagem em várias regiões da Grécia. Como era patrono da ginástica e da luta, havia estátuas de Hermes espalhadas por vários ginásios da Grécia Antiga.

Luciane Mari Deschamps
Enviado por Luciane Mari Deschamps em 21/04/2015
Código do texto: T5215458
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