Infância Limpa

Não é de hoje que nossas crianças vêm sendo estratégia para marketing. O jovem discernimento na infantilidade é refúgio velho de interesses traiçoeiros desde os primórdios da Era Industrial, vez que grandes proprietários de fábricas usavam da facilidade de sua mão de obra barata e fácil de explorar, ao invés, do que na maioria das vezes era o caro e não tão manipulável trabalho adulto.

É importante estarmos cientes do que está em jogo: o primeiro estágio da vida humana em formação, a base de uma vida, uma folha que necessita ser preenchida. E pelo quê? Carimbos do consumismo? A julgar pela situação, sem dúvidas começamos mal e com algo que necessita do mais rápido impedimento, em nome dos valores de uma época.

A publicidade usa de muitos elementos ilusórios. Não basta oferecer o produto, é preciso seduzir quem o vê, estudar e manipular os interesses do consumidor. A diferença que nos leva a raiz do problema está na capacidade de quem se precisa impressionar. Um adulto maduro e bem resolvido consegue distinguir e compreender melhor as palavras que ouve para então se posicionar diante delas, mas como ficam os pequeninos que ainda acreditam, literalmente, em tudo que lhes dizem? Estando dentre os argumentos a presença de personagens de prestígio no universo deles ou ideias que envolvam a inserção em um meio importante para os mesmos: dos coleguinhas. Como não se deixar levar? As consequências para isso podem aparecer cedo, se for o caso de alguma criança cuja família não tem as devidas condições de atender-lhe o pedido: sua exclusão no grupo de amigos. O que a deixará emocional e psicologicamente abalada.

Cedo ou tarde, aquelas que adquirem o produto vão sentir a necessidade de mais. Datas festivas, aniversário, novas tendências estão sempre aí. O consumismo aumenta a mercê dessa ilusão, os valores práticos e meios simples de entretenimento, como brincadeiras de roda, diminuem e criam-se protótipos de futuros adultos completamente dependentes de tecnologias e ideias superficiais: um vício que não mede esforços.

Cientes disso, devemos tomar medidas que salvem nossas crianças. A proibição da presença de personagens animados em propagandas é uma iniciativa indispensável, proibir a exibição desses anúncios em horário de programação infantil é também uma ótima saída. E claro, não esquecer de trabalhar as crianças em oficinas que retratem o perfil de um bom consumidor, livre de alienações e com consciência econômica, dando a eles a oportunidade de uma infância limpa, sem rasuras.

Isabela Luiz
Enviado por Isabela Luiz em 31/10/2015
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