De: Silvino Potêncio -  “Catramonzeladas Literárias”  

 
... “Pegadinhas da Lingua Portuguesa” é o título do Livro do Escritor João Bezerra de Castro, (Natal/Brasil) que eu já tive o prazer de ler e  no qual podemos ver e aprender várias armadilhas que a nossa língua esconde de forma bem simples,  porém são verdadeiras arapucas para quem precisa usá-la correctamente e amiúde no seu dia-a-dia.
 Antes porém eu gostaria de vos transcrever aqui partes do meu Livro de Crônicas da Emigração no Subtítulo “Catramonzeladas Literárias da Lingua Portuguesa”!  
- E eu não estou só a pensar em Escritores ou Escriturários, em Amanuenses ou Notários, em Oradores ou Perdulários e muito menos em Poetas ou Artistas do Verbo como sendo os Milhões de Operários da Lusofonia que a usamos todos os dias.
Assim, por exemplo, às vezes se escrevem palavras entre aspas porquê e para quê?
As aspas ou virgulas dobradas no início ou no fim das palavras ou das frases elas tem vários usos e empregos:
  • Assinalam transcrições textuais como esta;  “Conta a Lenda que dormia//Uma Princesa encantada//A quem só despertaria//Um Infante que viria//De além do muro da estrada” (Fernando Pessoa)
Por outro lado as aspas servem também para isolar palavras ou expressões estranhas à língua culta comum entre nós,  tais como gírias e expressões populares, vulgarismos, estrangeirismos, neologismos, arcaísmos, etc.
Por exemplo: A Actriz (que muitos conhecem) falou mal da cultura Lusitana. Por isso, em Portugal, hoje ela é já por muitos considerada “persona non grata”. Sendo que estas três últimas palavras são de origem Latina, como aliás a grande maioria das palavras que formam a nossa língua.
Existe uma outra forma de destacar as palavras sem o uso das aspas pelo uso do verbete em “Itálico”  e com o surgimento da informática o itálico substitui-se pelo sublinhado ou negritos e vice-versa!
Pessoalmente eu não me importo se o tal acordo ortográfico está em função ou não!... ou se foi aceito ou não pelos milhões de usuários. - Na prática e enquanto escritor “amador” – diga-se de passagem – eu costumo afirmar que só escrevo “acordado”!  porém... contudo... entrementes,  é lógico e se subentende que,  ninguém escreve enquanto dorme. E neste caso eu lanço mão de um “trocadilho” que é o instrumento perfeito para escrever críticas de múltipla natureza dentro da língua que falamos desde há séculos.
As aspas elas servem também para realçar nome de artigos de jornal, de crônicas, de poemas, de título de matérias, contos e similares além de serem  e muito!, usadas para escrever palavras erradas de forma correcta! -  E aqui se pode chamar de ironia ou corruptela do verbete original que é também uma outra forma de eu e muitos outros usarmos a escrita de forma diversa daquela que seria inferida no sentido original.
O meu Amigo Jornalista Fernando Gomes ele dizia que, para ler o que eu escrevo é bom ter ao lado um dicionário místico. Porém eu contesto nem tanto, nem tanto Amigo...
Mas a minha crônica de hoje não é bem para transcrever aula de Português e sim para vos trazer algumas expressões da minha região e que, vos garanto!,  são quase todas ainda em uso mas que poucos conhecem fora da região e do remanescente linguajar do Galaico-Duriense de Tras Os Montes e Alto Douro. Vejamos apenas alguns exemplos:
  Abondar
Não, não tem nada que ver com “abundar”, apesar de ser muito semelhante. O verbo “abondar” significa o mesmo que dar, ou chegar, no sentido de dar objectos em mão. Por exemplo: “Ó António, chega-me/dá-me aí o comando da televisão” será o mesmo que “ó António, abonda-me aí o comando da televisão”. É parvo? É.
Amanhã ou passado
Se não és Transmontano, deves estar a pensar que isto não faz sentido nenhum. E realmente não faz. Mas se vens de Trás-os-Montes, entendes perfeitamente o que diremos a seguir! “Amanhã ou passado” é exactamente o mesmo que dizer “amanhã ou depois [de amanhã]“! Mas porquê, se “passado” é precisamente o contrário de “depois de amanhã”? Ninguém sabe porquê. Por mais voltas que demos à expressão, não vamos conseguir encontrar uma explicação plausível para isto
Barduada (ou borduada)
Esta não tem muito que se lhe diga. Pode parecer uma coisa muito estranha (se não fores Transmontano podes estar a imaginar uma trovoada ou um bicho muito feio com três cornos nas costas), mas é muito simples: “barduada” é o mesmo que “paulada”. Ex.: “deu-lhe uma barduada que o tombou”!  
Aqui eu já não usaria o bordão para dar a “barduada” nem a Jasteirada e sim a minha “Catramonzelada”, ou seja; uso a Tremonzela que tem mais efeito imediato!
Abraço Transmontano e até breve!
Silvino Potêncio
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 01/03/2016
Reeditado em 01/03/2016
Código do texto: T5559976
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