Insalubridade Social

Queimar a pele do pé no asfalto quente da Sé, dói.

Buscando emprego nas esquinas mudas de oportunidades e conversando com minha própria fé, constrói.

Assim a gente vai erguendo fieira por frieira, força no braço e cuidando pra não despencar da ribanceira, agüenta dor, sofrimento e agonia, caminhando pelas calçadas, esquentando a cabeça no sol de meio dia.

Tijolo a vista, verdades tampadas, impunidades a prazo e ar limpo a perder de vista. Meu processo no Procon nas mãos do arquivista.

Campo limpo, belo, desgramado, grama tentando nascer, show de graça no campo sem grama desmarcado, marcação cerrada, apresentaçãozinha sem graça, destoando, alienando e cultuando a desgraça.

Acidentes, orientes e horizontes camuflados na perigosa 25 de Março a 25 dias do 25 de Dezembro. Ao meio aos montes o que é que eu faço?

Gritos, ritos e litos escadas a baixo, temperatura escaldante lá em cima, lá fora agora o menino cheira cola, perfume e cocaína.

Céu escuro de ponta cabeça, antes que eu esqueça está no ar uma nova proposta aberta, mata fechada, canteiro pegando fogo, protesto na Paulista e a polícia batendo denovo.

Cobrança na porta, falta de justiça, falta dinheiro, faltava um médico na emergência do P.S., agora falta o pai do menino sem pai da periferia, falta o leite da criança, um pão com manteiga e um punhado de esperança. Aja fôlego, suspiro, peito, paz e passe pra passagem. Aqui jaz um passado de coragem, o presente pegou síndrome do pânico.

Passam-se os dias, os números, os fatos e os mortos, depois as justificativas injustificáveis dos fatos inconcebíveis.

Corri pelos viadutos, pelos vales, nem vale transporte à pena que tenho de mim mesmo da dor que dói assim igualzinho você sente.

Se sentou, levante-se pra dar lugar ao senhor idoso que desmaiou na fila do hospital ao ser atropelado, coitado, ta de moletas.

Pedi ao senhor João que de todo coração possa ceder estas velhas moletas as velhas reuniões do senado que aos gritos encenam o “faz nada” e até eles acreditam. Quanta gentileza minha, mas é pra manifestante não sentir-se sozinha...

Não há de quê!

Sou fruto da pátria mãe gentil, isso veio de berço...

No meu caso manjedoura, mas perae! Não trata-se de plágio da história de Jesus, foi apenas um Dowload baixado da internet.

Tinha que correr pelos carros de luxo, de feira e de papelão da minha cidade genuína feito água mineral, ai lembrei do Tietê... Sou um pouco confuso mesmo, mas da pra entender.

Corri mais depressa que os trombadinhas do largo do Arouche, as bandas e bandos corem da fiscalização, a lei advém de história e por ocasião, por desordem e exatidão, somando as gravatas, de conchos e contramão de governos piratas.

Impedimento, cartão de crédito, vermelho e amarelo, rindo, chorando e lamentando o tênis que ainda não posso comprar o que quero.

Ainda dói a dor de sempre e o sempre ta pintado de verde e amarelo.

Tiago Ortaet®

06/04/2007