Sim, sim. Não, não!

“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”. Mateus 5.37

Não vou fazer nenhuma exegese desse texto, mas somente, me ater a compreensão que tenho do desconforto que causa, quando alguém promete o que não pode prometer, garante o que não pode garantir, empenha sua palavra e não cumpre.

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O texto em epígrafe, “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”. Mateus 5.37, em seu final reza: “...porque o que passa disto é de procedência maligna”, é de procedência maligna, a meu ver, porque a pessoa, ao dizer sim diante de qualquer situação, sabe, de antemão, que não vai cumprir o que promete, e o que é pior: que vai inventar uma série de desculpas, que servirão, apenas, para justificar seu comportamento tendencioso, mas que não convence, a quem empenhou sua palavra.

É de procedência maligna porque ao criar expectativa a quem empenhou sua palavra, há de gerar desconforto, frustração e mal estar em quem espera ansioso pelo cumprimento da palavra. Por exemplo: você emprestou uma determinada quantia de dinheiro para alguém, esse alguém disse que ia pagar tal dia. Chega no dia, ele se quer lhe dá uma explicação, ou se dá, diz que tal dia vai pagar, porque teve problemas. Esse dia nunca chega, até que você desiste, ou parte para a “briga”. Esse fenômeno pode acontecer em qualquer situação em que a palavra é empenhada e não cumprida.

Lembro de um colega de trabalho que certo dia, me pediu um real emprestado para completar o dinheiro de sua passagem de ônibus, e que no dia seguinte me pagaria. Chegou o dia seguinte, mais outro dia seguinte e nada. No outro dia seguinte o encontrei e perguntei-lhe: ”e o meu dinheiro, você não vai pagar?”. Ao que ele repondeu: “Pô, tá reclamando por causa de um real?”. “Quando você precisou do meu um real, era muito para você completar a sua passagem, agora pra me pagar, mesmo sendo um real, você acha que é pouco, pois é meu caro, independentemente de seu julgamento, você pediu emprestado, e não dado, portanto, quero o meu real”, respondi. E ele me pagou.

Tenho um parente que, de vez enquanto, me pedia folhas de cheques com um certo valor, emprestado. Quando ia pagar sempre pagava menos, com a desculpa de que eu ganhava mais do que ele. Era uma luta para ele pagar o valor real combinado, sem considerar as vezes em que o cheque caia e ele demorava a fazer o depósito. Resultado: nunca mais emprestei minhas folhas de cheques para ele.

Já vivi várias dessas situações, principalmente, a relacionada com dinheiro. Em momentos em que mais precisei daquilo que é meu, a pessoa sempre inventava uma desculpa fiada que, como disse, só servia como justificativa para alimentar sua falta de palavra, sua malandragem, sua tendência de enganar. No meu caso, ao invés dela achar que me enganar, enganava a si própria, pensando que eu caia no jogo dela.

Todos nós estamos sujeitos a viver essa situação com pessoas tendenciosas, manipuladoras que não cumprem o que prometem. Enrolam, fingem esquecimento, ludibriam e, com isso, vão criando a imagem de uma pessoa não confiável.

Algumas vezes, temos que engolir sapo, mesmo não tendo valor nutritivo, por uma questão política; escolhemos não fazer uma confrontação direta com pessoas que agem dessa forma, devido ao vínculo que temos com elas, ou porque esperamos hora certa para fazer essa intervenção. Mas uma coisa é certa, gosto de usar um velho adágio popular: “Estou de olho em você”, ou “não pense que está me enrolando”, ou ainda: “não subestime minha inteligência”, pois enquanto você pensa que me enrola ou me engana, é você quem está enganado em pensar assim. Portanto, “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”. Mateus 5.37

Edivaldo Pinheiro Negrão

Shimi
Enviado por Shimi em 23/08/2016
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