Nós estamos conectados ou desconectados?

Durante os últimos anos nos surpreendemos cada vez mais com anúncios e lançamentos de novas tecnologias, nossa sociedade está mudando e isso nos faz refletir sobre o assunto. Cada vez estamos mais perto de quem está distante e mais longe de quem está por perto, mas afinal, estamos conectados ou desconectados?

Cada vez frases como “Depois a gente se fala pelo WhatsApp” ou “Eu te adiciono no Facebook para a gente conversar melhor” se tornam automáticas para as pessoas ao nosso entorno, um contato pessoal muito direto ou uma conversa prolongada exige tempo e atenção, coisas que a sociedade atual nos ensinou que temos economizar ao máximo, a correria pela informação nos faz querer consumir muito mais do que deveríamos e então se apegar a uma conversa cara a cara de mais de duas horas pode parecer algo absurdo ou coisa de “gente velha”, mas por que uma conversa pela internet parece mais tentadora do que uma conversa real? É uma resposta simples, em uma conversa virtual podemos controlar nossas emoções e assim fazer a razão e a moral tomarem cargo, temos o poder de pensar por bastante tempo, apagar e acrescentar, coisas como essas não podem ser feitas em uma conversa de verdade.

O filme “Her” do diretor Spike Jonze mostra a interação humana com a tecnologia de uma forma romântica e alegre. O filme nos mostra como o protagonista Theodore (Joaquin Phoenix) cansado e desmotivado por sua vida social acaba se apaixonando de um sistema operacional que atende todas as suas necessidades e ao mesmo tempo demonstra emoções de uma forma humana. Her é um filme que se fosse assistido pela sociedade do século passado seria considerado como uma obra de ficção científica, mas a cada dia que passa essa história se torna cada vez mais real.

Estar conectado não é uma forma de nos aproximar do mundo e sim uma forma de nos distanciar de nós mesmos e personalizar nossas vidas para um padrão de coisas que sejam unicamente agradáveis para nós, já que na internet temos o poder de viver só o que queremos, ver só o que gostamos e nos cercar somente de pessoas que compactuam com as nossas ideias e pensamentos, no final das contas tudo se torna uma briga constante sobre atenção e em “o que vou prestar atenção primeiro?” e assim nos cercamos de um paraíso artificial que somente a vida virtual tem para oferecer.

A questão é que nós nos perdemos diante da tecnologia e acabamos nos tornando dependentes de informação e diversão, já não olhamos as pessoas ao nosso redor, como um ônibus, um metrô ou uma fila de banco por serem desconhecidos enquanto estamos ocupados acompanhando ao vivo as postagens de fotos e vídeos de pessoas que nunca vimos pessoalmente, mas que fazem parte de nosso “círculo de amigos” que cresce a cada clique.

A 15 anos atrás toda essa idéia de somente nos cercar de pessoas que dividam nossas opiniões e idéias parecia algo bom e inovador, mas cá entre nós, quantas amigos você já excluiu do seu Facebook por postarem sobre assuntos que não lhe interessam ou por expressarem ideias contrárias às suas?