VIAS DE TRÁFEGO.
Mesmo que o tempo
não venha a meu encontro,
vou tecendo as embiras
para amarrar meus dias,
não posso perder um só
momento da minha infância,
eles teimam em esconder
de mim,mas sou um bom
fotografo ,
viraram fotografias,
hoje me alimentam,são
alimentos estocados nos
tempos que se foram,
vivo do meu passado
comendo meus dias felizes,
me lembro quando coloria
arco-íris depois da chuva,
quando um pássaro
assombrava a noite e o medo
parava na porta do meu quarto
me mandando chorar,
no aniversário de minha mãe
por não ter presentes para lhe ofertar,
acendia estrelas no céu
para lhe contemplar,
nunca perdi nada,
para mim o que importa
é fazer das coisas o que elas são,
nunca aumentei um ponto nos
meus inventos,
tinha medo de punição,
mas uma coisa que sempre fui
é ser abastado de invenções,
isso hoje me sacia,
sou saciado brincando de
barriga vazia,
para construir é preciso
ter fome,
as coisas que ainda não existem
de certo não tem gosto,
não precisam de tempero e cores,
a via dos olhos não tem paladares.