FALAR BEM: ERRO OU ADAPTAÇÃO?

Dos primeiros momentos de nossa educação, a língua que aprendemos com nossos pais, irmãos e avós é a mesma que falamos, mas não a mesma que escrevemos. A escola tem a função de nos ensinar a escrever corretamente, porém, por uma questão de comodidade, optamos pela parte simples da execução: abandonar as regras, considerando a dificuldade e amplitude da língua portuguesa escrita.

Em conseqüência de tal comodidade, o povo brasileiro tende a se desinteressar pela leitura de textos, sejam eles informativos ou fictícios, e principalmente de livros, pois associam-nos a um vocabulário de difícil entendimento. Assim, deixam de exercitar o “falar bem”, tornando a expressão descontraída, um hábito por vezes irreversível.

Falar ou escrever bem não significa usar a norma padrão em todos os momentos da vida, e sim adequar a linguagem ao ambiente e à situação, ao propósito enunciativo. Em um almoço com a família, por exemplo, não é necessário e se torna desconfortável usar um modo rebuscado para se expressar. Da mesma forma, é inapropriado um palestrante apresentar seu trabalho ao público em termos coloquiais, pois não trará confiança. A questão é de adaptação e não de erro.

Outro ponto importante e que torna ainda mais frágil a questão do bem se expressar é o empobrecimento do idioma. A utilização de termos estrangeiros e o crescente surgimento de gírias em substituição a palavras de rico valor semântico resultam em um diálogo pobre e até de entendimento mais difícil, se analisados os significados de cada novo termo.

Por fim, o povo brasileiro demonstra ter vergonha de falar melhor o idioma, receando parecer presunçoso, quando na verdade saber falar bem é essencial para o crescimento tanto profissional quanto particular, na comunicação social.