SÉCULO DOS ALTARES SOLITÁRIOS
Desde que o homem passara a ser nômade, a solidão tem o acompanhado continuamente, entretanto é na pós modernidade que a sociedade líquida atinge o ápice do vazio existencial. Nesse aspecto, esse sentimento está atrelado ao avanço das redes, cada vez menos sociais, que dominam a Contemporaneidade.
No contexto da Revolução Industrial, diz-se que o século XXI ainda está vivendo a terceira delas, a da tecnologia. Com isso, o avanço das redes têm denunciado um corpo social cada vez mais dependente dela. Nesse ângulo, a solidão inerente a vida humana, torna-se uma característica nada peculiar, visto que as pessoas cada vez menos se encontram e cada vez mais se escondem atrás das telas de seus smartphones. Nesse contexto, segundo uma pesquisa do "Data folha", mais de 50 % das pessoas entrevistadas preferem a solidão de seus celulares que a presença de visitas.
Nesse viés, o tempo a sós, que para os gregos significava a busca por conhecimento, é para a sociedade contemporânea reinado pelo vazio existencial e aniquilado pela espera por "curtidas", uma vez que a falsa impressão de estar cercado de amigos nas redes, torna-se uma felicidade momentânea para o indivíduo. Dessa forma, a essência precede, desafiando Sartre, a própria existência.
Por conseguinte, a solidão se põe em um altar na pós modernidade, embasada no ilusório mundo da rede social, uma vez que não só afasta-a das pessoas ao derredor como também a torna dependente de uma falsa felicidade alicerçada a puro amostrismo tecnológico. Destarte, como o escritor Jose Saramago registrou:"Se podes olhar, vê; se podes ver, repara.".