Vou-me embora pra Pasárgada, a minha Pasárgada

"...onde eu possa plantar meu amigos, meus discos e livros e nada mais..."

Vou-me embora pra Pasárgada, a minha Pasárgada.

Não conseguiria viver na Pasárgada de Bandeira,

Cheia de prostitutas e alcalóides (drogas, para os que não sabem),

Com mulheres sendo obrigadas a dormirem com os amigos do rei.

A minha Pasárgada é mais romântica, mais divertida e até mais instrutiva.

Teria todos os livros do mundo, traduzidos para o português, em uma estante quadrada que mudaria de acordo com a minha comodidade. Por exemplo, se eu procurasse por um autor, ela colocaria os livros em ordem alfabética de autor, mas se procurasse por um título, mudaria os livros por ordem alfabética de títulos. Eu poderia simplesmente falar o título ou o autor e os livros apareceriam na minha frente, mas não teria a mesma graça de procurar pelo livro, é diferente quando você passa as mãos por todos os outros livros, lendo seus títulos e relembrando de suas histórias, torcendo o nariz para uns e sentindo seus olhos brilharem para outros.

Teria outro cômodo, um lugar onde estariam todos os cds, lps, fitas cassetes e mp3 gravados até hoje, toda e qualquer música gravada estaria totalmente conservada e guardada nesse imenso salão, e seria só eu pensar que as músicas começariam a tocar e eu poderia tirar a voz do cantor e deixar só a melodia para eu cantar ou então transformar as músicas em poesias tirando a melodia e fazendo com que as vozes mudassem de cantadas para faladas.

Teria a minha mãe. Até Manuel Bandeira pediu sua “Mãe-d’água”. Estranho não é? Eu não sei o que faria se não tivesse ela por perto, ela poderia ficar em algum lugar quietinha, mas sempre disponível quando eu precisar de um colo.

Teria meus amigos, meus melhores amigos, aqueles que mais parecem irmãos, que te ajudam, te apóiam, confiam em você e são de confiança.

E por último, a minha Pasárgada teria uma linha de trem, que passaria por todos os cantos do mundo, buscando todos aqueles amantes de livros e músicas para usufruírem a minha cidade. E um dia, viria alguém nesse trem, que começaria a conversar comigo e me encantaria e se encantaria por mim. E nos casaríamos, não porque somos amigos do rei, mas porque sinceramente nos gostamos.

Todos seriam educados, limpos e civilizados. Não haveria necessidade de nada, comida, roupas, móveis, nada... Todos cantariam ou leriam algo o tempo todo. A cultura e a inteligência seriam o principal objetivo e lema de todos os habitantes.

Vou-me embora pra Pasárgada, a minha Pasárgada.

Nikinhangel
Enviado por Nikinhangel em 22/12/2007
Código do texto: T788385