Borboletas azuis.

 

Foi no caminho que tudo aconteceu, a conversão, o olhar para um mundo até então desconhecido, pois com todas obrigações que a rotina lhe impunha, faltava um detalhe para se acalmar: entender sobre sí mesmo.

Pode parecer absurdo que com tantas formas de conexão, faltava aquela que mostraria a direção para se libertar.

A caminhada era para a descoberta acontecer.

A mensagem divina agiria como uma catarse de pensamentos em sua mente naquela trilha, onde o barulho que se ouvia era o das folhas das árvores balançando com a vento da tarde.

A vida tinha sido generosa, os obstáculos não venceram a resiliência que sempre o fazia retornar ao estado de lucidez  diante de qualquer problema. Equilíbrio de causar inveja ao maior apreciador de livros de auto ajuda.

Guardava consigo lembranças da infância enraizadas no ser, e alí naquele lugar, havia o rio a correr onde um dia, distante alguém ao observar a correnteza, contava estórias sobre um segredo guardado, a senha do cofre, que escondia um tesouro, que sómente ele saberia como abrir...

A vida e os mistérios dos ancestrais que partiram sem ao menos dar tempo para uma última prosa no café da tarde da enorme mesa na fazenda.

A fazenda que guarda memórias em seus cômodos de parede de pau a pique e assoalho de tábua corrida, onde a noite se ouvia passos.

Seriam dos fantasmas que assolaram seus dias?

Carregava agora, junto com sua mochila, a sabedoria da importância de estabelecer um elo entre o momento presente e suas origens.

A caminhada faria esse reencontro com a mais íntima parte do ser.

A maior e mais importante descoberta, o segredo da existência.

O equilíbrio da relação consigo mesmo, era seu lema de agora em diante.

Aquele momento era de reencontro com a espiritualidade.

Entender os fatos para superação dos dilemas tem uma íntima relação do ser humano com seu entendimento do propósito.

- O que importa de verdade?

- O que faz ter uma vida plena ?

- Qual o caminho da paz interior?

Perguntas que sempre causam questionamentos a todo ser humano, e com ele não era diferente, a busca do autoconhecimento.

Convém lembrar que cada um deve encontrar a própria resposta, não existe uma "receita de bolo".

A busca deve ser diária, encher o peito de motivação a cada despertar de um novo dia, facilita essa tarefa.

O entendimento está acima de qualquer frase feita ou condição financeira.

A resposta pode ser encontrada nessa trilha no meio do nada, na ligação com a natureza, ou simplesmente no olhar para a vida, saber fazer valer a pena cada minuto da existência...

Descobrir onde queremos chegar é um enorme passo para atingir o objetivo.

O silêncio da mata o faz ouvir não muito distante o som da água formando a visão de uma cachoeira.

Seu destino estava logo a frente.

Naquele momento, como uma resposta as suas dúvidas, ornamentando sua passagem, cruzaram seu trajeto, belíssimas centenas de borboletas azuis.

Cena que o fez sentir naquele momento a mais pura e verdadeira felicidade...