Vida

Corri, fugi, sumi...

Nos momentos em que corri deixei de ver o nascer do sol, o sorriso de uma criança, o riacho a cantar... corri mas não saí do lugar, nem cheguei a lugar algum.

Nos momentos de fuga, fugi de mim em busca do eu, buscando meus “comigos”, meus “eus” difusos, perdidos, inquietos, questionadores, desesperados. Não os encontrei e perdi uma boa parte de mim.

Nos momentos em que sumi, foi quando me busquei e me achei. Não como me quero, porém refeita, renascida, reflexiva.

Achei-me só, pensativa, errante, não desesperada, mas só. Não é solidão, não estou só. Busco atalhos para não enfrentar os caminhos que são amargos, tortuosos. Nos atalhos encontro a flor a desabrochar, um sol nascendo, o vento, uma criança e viajo para um mundo novo onde a paz e a concórdia reinam mas o atalho é curto e volto ao caminho.

Caminho e não me vejo. Procuro outros atalhos, não os encontro. Retorno ao caminho e tento seguir, mas não saio do lugar, pois muitos são os obstáculos nos caminhos da vida.

Mas nos caminhos, entre atalhos, encontro amigos que me entendem ou fingem e me possibilitam ser menos pior do que acho que sou. Entre amigos, finjo-me feliz! Dou um beijo, um abraço, aproximo-me sem cerimônia, assento-me bem perto do outro e deixo-me ficar algum tempo, sonho sem duvidar, deixo o sorriso acontecer, olho nos olhos, aponto um defeito, com jeito, enxugo uma lágrima que teima em cair, ouço uma historia ou muitas com atenção, escrevo uma carta, e-mail e envio, converso sério, fiado, conto uma piada e rio, ajudo a resolver um problema, pergunto por quê, como vai, como tem passado, que tem feito de bom, que há de novo, presto atenção, sugiro um bom livro, um passeio, um bom filme e até um programa de televisão. Peço desculpas, digo muito obrigado, não tem importância, o que se há de fazer, dá-se um jeito, tente, de alguma maneira e, por tudo, me encontro, me acho e sou feliz.