A mídia cumpre seu papel social?
A crueldade do dia 29 de março de 2008 abalou todo um país e ainda está sendo debatido por toda população. Mas a questão não é mais quem matou Isabella Nardoni e sim a grande repercussão que os meios de comunicação atribuiu a esse caso.
Muitos se perguntam o porquê desse caso tomar tamanha proporção, fazendo com que centenas de pessoas aglomerem-se em frente do “famoso” edifício London, criando um show de histeria coletiva.
Sabe-se que a mídia hoje tem um papel importante no comportamento das pessoas. Isso se deve ao fato de, principalmente a televisão, trabalhar com situações que façam com que as pessoas se identifiquem e passem a comentar o ocorrido, como foi o caso de Isabella.
“O sofrimento humano ficou em segundo plano e esse caso virou uma minissérie que estamos aguardando os últimos capítulos”, diz o estudante Estanislau Lima.
Segundo o jornalista Flávio Herculano, “não foi entre o público que surgiu o interesse pela morte de Isabella. Foi a própria mídia quem construiu esse interesse, levando o público a uma comoção”.
A cada dez horas, uma criança é assassinada, o Ministério da Saúde contabiliza, em seis anos, 5.049 mortes de meninos e meninas até 14 anos, mas ninguém se deu conta desses casos, pois poucos deles são cobertos pela mídia.
Segundo Tatiane Camille estudante de moda, a cobertura perante esse assunto está sendo um tanto quanto exagerada, “Os meios de comunicação não respeitam a dor e o sofrimento dos familiares da menina. Eu estava assistindo o programa “A casa é sua”, com Sônia Abraão e estava passando a missa de um mês de Isabella. A mãe não conseguiu nem chorar pela morte da filha, pois o que mais tinha na missa era fotógrafos e repórteres que só se interessavam pela cobertura jornalistica e nada mais”.
Enfim, a mídia dificilmente cumpre seu papel social. O lucro e o capital são os mais relevantes, sendo assim eles acabam esquecendo de seus telespectadores, tornando um assunto tão polêmico e triste como esse em mera cobertura jornalística.